Zemaria Pinto
No último dia 05 de junho, levado pelo amigo escritor Hildeberto Barbosa
Filho, fui conhecer as ruínas do engenho Pau D'Arco, onde nasceu e viveu grande
parte de sua curta vida o poeta Augusto dos Anjos, celebrado em um Congresso
Nacional de Literatura promovido pela UFPB, de 03 a 06 de junho, lembrando os
100 anos da edição do Eu.
Não entrarei em detalhes. Das dezenas de fotos que fiz, ficaram estas duas: o pé de tamarindo e a casa de Guilhermina, que, restaurada, é um acanhado memorial do poeta.
E ficam, para sempre, os poemas pelos quais eles – o tamarindo e Guilhermina – serão lembrados.
Não entrarei em detalhes. Das dezenas de fotos que fiz, ficaram estas duas: o pé de tamarindo e a casa de Guilhermina, que, restaurada, é um acanhado memorial do poeta.
E ficam, para sempre, os poemas pelos quais eles – o tamarindo e Guilhermina – serão lembrados.
O pé de tamarindo, imortalizado por Augusto dos Anjos, fica nos fundos casa construída em lugar da casa onde nasceu e viveu o poeta. |
Debaixo do tamarindo
No
tempo de meu Pai, sob estes galhos,
Como
uma vela fúnebre de cera, Chorei bilhões de vezes com a canseira
De inexorabilíssimos trabalhos!
Hoje,
esta árvore, de amplos agasalhos,
Guarda,
como uma caixa derradeira, O passado da Flora Brasileira
E a paleontologia dos Carvalhos!
Quando
pararem todos os relógios
De
minha vida e a voz dos necrológiosGritar nos noticiários que eu morri,
Voltando
à pátria da homogeneidade,
Abraçada
com a própria EternidadeA minha sombra há de ficar aqui!
A casa da ama de leite Guilhermina, restaurada, é o que resta além do Tamarindo. |
Ricordanza della mia gioventú
A
minha ama de leite Guilhermina
Furtava
as moedas que o Doutor me dava. Sinhá-Mocinha, minha Mãe, ralhava...
Via naquilo a minha própria ruína!
Minha
ama, então, hipócrita, afetava
Susceptibilidades
de menina:“– Não, não fora ela! –” E maldizia a sina,
Que ela absolutamente não furtava.
Vejo,
entretanto, agora, em minha cama,
Que
a mim somente cabe o furto feito...Tu só furtaste a moeda, o ouro que brilha...
Furtaste a moeda só, mas eu, minha ama,
Eu furtei mais, porque furtei o peito
Que dava leite para a tua filha!