Amigos do Fingidor

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Ruínas de Pau d'Arco

Zemaria Pinto

No último dia 05 de junho, levado pelo amigo escritor Hildeberto Barbosa Filho, fui conhecer as ruínas do engenho Pau D'Arco, onde nasceu e viveu grande parte de sua curta vida o poeta Augusto dos Anjos, celebrado em um Congresso Nacional de Literatura promovido pela UFPB, de 03 a 06 de junho, lembrando os 100 anos da edição do Eu. 

Não entrarei em detalhes. Das dezenas de fotos que fiz, ficaram estas duas: o pé de tamarindo e a casa de Guilhermina, que, restaurada, é um acanhado memorial do poeta.

E ficam, para sempre, os poemas pelos quais eles o tamarindo e Guilhermina serão lembrados.

O pé de tamarindo, imortalizado por Augusto dos Anjos, fica nos fundos casa construída em lugar da casa onde nasceu e viveu o poeta.

Debaixo do tamarindo


No tempo de meu Pai, sob estes galhos,
Como uma vela fúnebre de cera,
Chorei bilhões de vezes com a canseira
De inexorabilíssimos trabalhos!


Hoje, esta árvore, de amplos agasalhos,
Guarda, como uma caixa derradeira,
O passado da Flora Brasileira
E a paleontologia dos Carvalhos!

Quando pararem todos os relógios
De minha vida e a voz dos necrológios
Gritar nos noticiários que eu morri,


Voltando à pátria da homogeneidade,
Abraçada com a própria Eternidade
A minha sombra há de ficar aqui!



A casa da ama de leite Guilhermina, restaurada, é o que resta além do Tamarindo. 



Ricordanza della mia gioventú


A minha ama de leite Guilhermina
Furtava as moedas que o Doutor me dava.
Sinhá-Mocinha, minha Mãe, ralhava...
Via naquilo a minha própria ruína!


Minha ama, então, hipócrita, afetava
Susceptibilidades de menina:
“– Não, não fora ela! –” E maldizia a sina,  
Que ela absolutamente não furtava.


Vejo, entretanto, agora, em minha cama,
Que a mim somente cabe o furto feito...
Tu só furtaste a moeda, o ouro que brilha...

Furtaste a moeda só, mas eu, minha ama,
Eu furtei mais, porque furtei o peito
Que dava leite para a tua filha!