Tânia Du Bois
Fios
de luz, aromas vivos: leitura de Retrato
de Mãe, sonetos de Jorge Tufic, por Rogel Samuel: “Venham os fios de luz
para tecê-la, aromas vivos para senti-la, às palavras do filho descrevê-la, proferi-la”
(Rogel Samuel).
Não conheço Jorge Tufic pessoalmente,
e sim através de suas obras literárias: adoro! Penso que o Poeta merece uma
homenagem especial, e o escritor Rogel Samuel dá essa atenção através de
reflexões literárias em 15 sonetos de Tufic.
Samuel ressalta o caráter literário da obra
com um olhar sobre o poeta. Revela o poder de quem interpreta costurando
palavras e dando significado à estrutura maternal dos sonetos, e declara que “o
mundo poético e o mundo da realidade colidem, possuindo cada qual a sua própria
verdade”.
Fios de luz, aromas vivos – são
sonetos que Jorge Tufic, inspirado na realidade, reconhece como expressão das
lembranças. Segundo Samuel, “... acaba por ser mais real do que a própria
realidade.” A voz de Tufic reflete a sua própria imagem, onde faz um testemunho
do Retrato de Mãe. Em jogos de
palavras, proclama histórias que espelham a sua relação com a sua mãe, como se
fosse ontem e vivesse o amanhã. Cria significado através do tempo e das
lembranças que sinalizam a sua ausência, buscando dar sentido à sua vida. “Que
restara de ti, dos teus pertences? //... Tudo posto num saco humilde e roto. /
Eu quis, então, medir esse legado, / mas limites não vi para a tristeza. /
Davas a sensação de que o tesouro / se enterrara contigo. //... Que eternidade
/ pode igualar-se à voz desta saudade?”
Através da imagem poética, mostra o
seu eu versus mãe, ao alcançar a
infinitude do tempo: sua intimidade desvela os mistérios da dor da ausência.
Nesse horizonte, o poeta compreende, interpreta e projeta o sentido da herança
da Grande Mãe que se perde com a
morte.
Fios
de luz, aromas vivos revela a parceria de mãe e filho, onde apenas o amor é
o único segredo. E a memória do poeta reconstrói os bons momentos sem se perder
no tempo. “Nossa infância era tudo iluminada / pelas fontes da tua juventude. //...
Ainda te vejo, o porte esbelto indo / por aqueles baldios transparentes / onde
a luz, de tão verde, pincelando / os ermos...”
Mesmo com a saudade presente, Jorge
Tufic, em seus sonetos, volta ao seio materno para registrar a importância e a
resistência da lembrança (viva) em sua vida. Ao escrever Retrato de Mãe, não teve medo de mostrar a outra face, o lado
filho.
O encontro entre lembranças e
saudades, filho e mãe, deu a oportunidade ao escritor Rogel Samuel de fazer a
análise detalhada da obra, mostrando o Poeta Jorge Tufic com o dom do mistério menor
e mais emoção, revelando, mais uma vez, o seu talento literário.