Amigos do Fingidor

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

A dona dos botos


David Almeida



Como alguém pode ser dono da Natureza?  Faço essa pergunta por que, em Novo Airão, existe uma pessoa que detém esse direito, acredite! A Senhora Marilda, “A Dona dos Botos”. Aquela que alimenta botos vermelhos de seu flutuante, que fica em frente à cidade de Novo Airão, e já apareceu no mundo inteiro, através de reportagens, das maiores emissoras de comunicação desse Planeta ainda Azul, ficando muito famosa, até, com o status de: “A Pop Star dos Botos”.

Novo Airão está às margens do Rio Negro, e essas águas são povoadas por essa espécie de mamífero, e não é só no flutuante da Senhora Marilda, “A Dona dos Botos”, que eles aparecem para interagir com pessoas, e, claro, filar alguma comida (peixes). Basta fazer um movimento n’água que logo eles surgem, e deixam as pessoas maravilhadas, se tornando esse contato muito especial, pelo carinho e respeito das pessoas com a natureza. É um exemplo fantástico de interação do homem com o meio ambiente.

Essa espécie, de golfinho de água doce, existe em toda a região amazônica, e mais frequentemente povoam o Rio Negro, que banha a cidade de Novo Airão, eles são habitantes daquele local, são filhos da natureza, e se acostumaram com encontros com os humanos, mas a Senhora Marilda, “A Dona dos Botos”, não permite que eles apareçam em outro local interagindo com as pessoas, a não ser, no seu flutuante, onde, pra vê-los, alimentá-los ou até tocá-los tem que pagar uma quantia em dinheiro. Se em outro local alguém for pego com os botos, ela denuncia ao IBAMA, que logo manda um fiscal para proibir ou multar o “transgressor” dos direitos da Senhora Marilda, “A Dona dos Botos”.

Bom, se formos olhar, pelo lado de que, os botos são selvagens, e podem a qualquer momento, ferir as pessoas resultando numa consequência mais trágica, digo que: em qualquer estância o perigo existe, estamos exposto ao perigo em qualquer lugar, o fundamental é não fomentar o perigo, e há uma relação de paz, amor, alegria e felicidade entre humanos e os botos, por outro lado, não é a Senhora Marilda, “A Dona dos Botos, a salvadora da Pátria, muito pelo contrário, ouvi muitas reclamações de turistas que foram maltratados por ela em seu flutuante, inclusive, vinte que vieram do Rio de Janeiro para ver os botos de perto e não viram, porque não gostaram do tratamento recebido.

Alguns donos de pousadas que ficam perto da beira do rio, estão indignados com essa atitude, porque às vezes, seus clientes querem tomar banho no porto das pousadas que tem píer; tomar umas cervejas, tocar violão, ouvir musicas, comer, curtir o cenário natural, mas, sempre à tarde, logo aparecem os botos, e, com eles aparece, também, o problema que todo mundo sabe: a Senhora Marilda, “A Dona dos Botos” está de olho no seu patrimônio.

Dizem que agora em 2014, em Novo Airão vai sair a licitação dos botos, só aqueles que ganharem vão ter a permissão de usar os botos, portanto podem calçar as botas, digo: as nadadeiras.

Boto sendo alimentado por um nativo.
Foto: David Almeida.