Amigos do Fingidor

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Eu e as lendas


 

Tainá Vieira

 

Não sei ao certo se acredito ou se tudo é tolice da minha cabeça.  Mas eu sempre carreguei comigo o lema “se a fumaça há fogo”. De algum lugar e por algum meio surgiu essa estória de maldição.  Eu conheço uma família que dizem que é amaldiçoada. Vamos aos pormenores, para sabermos se realmente há um fundo de veracidade nesse caso.


A história começa com o avô que sempre foi meio capenga na vida. As coisas para esse homem não lhe sorriam a toda hora, se sorriam era com muito custo. Ele casou, fez mais de cinco filhos, no entanto, o seu casamento foi um inferno, ninguém entendia o porquê de tamanha infelicidade se ele e a mulher pareciam almas gêmeas.  Enfim, se separaram, cada um seguiu seu rumo, na tentativa de serem felizes, mas quem disse que a felicidade acontecia? A solidão lhes consumiu, acabando assim com o sofrimento tão cruel que ninguém, ninguém conseguia entender. 


Os filhos cresceram e tornaram-se homens e mulheres fracassados, nada dava certo, até tinham alguns bens, herança que o pai com muito custo lhes deixara, mas esses bens não davam lucros, pelo contrário, diminuíam as poses e levava todos à falência, à miséria.  Moravam numa pequena comunidade, lá todos conheciam a família e o boato já se espalhava aos quatro ventos de que a família era amaldiçoada.  As mulheres foram ficando viúvas e logo iam colecionando pretendentes e caiam na boca do povo, eram mal vistas e julgadas. Eram apontadas como má influência para os jovens.  Os homens, coitados, esses foram os que mais sofreram, após perderem todos os seus bens, se entregaram ao alcoolismo.  Bebiam demasiado, o álcool foi lhes consumindo de uma maneira que não sobrou nenhum dente na boca.  E dessa forma a segunda geração foi destruída. 


Ficaram os filhos, os netos do homem meio capenga, segundo as pessoas da província, melhor seria se nem tivessem nascidos, por que nasceram pra sofrer também.  Até que tentavam, mas a luta era em vão, o fracasso já estava no sangue. E parecia que a maldição ficava cada vez mais forte que já ia destruindo os bisnetos também, coitados, parecia roteiro de um filme, parecia até mentira, todavia, era verdade, os membros mesmo da família repetiam que foram, que eram amaldiçoados. 


Me contaram essa história que achei parecida com a história da minha família.  Senti no homem meio capenga, o meu avô.  Fiquei confusa um pouco. Mas estou com noventa e nove por cento de certeza de que existe maldição mesmo.