Amigos do Fingidor

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Eu e os ratos




                                                                                          Tainá Vieira

 

Não sei se existe coisa pior do que ratos. Esses bichinhos nojentos me causam náuseas terríveis. Pensei que baratas fossem piores, pois a maioria das pessoas que conheço, gritam e se desesperam quando veem uma barata, mas os ratos com certeza ganham das baratas. Até o momento o meu medo e nojo era relacionado à cobra. Sim, aquele bicho peçonhento horrível que enganou a pobre da Eva. Mas deixemos as baratas e as cobras de lado e falemos sobre os ratos.

Não faz muito tempo, por pura necessidade, eu passei algumas noites numa casa onde os principais moradores eram ratos. Eram de todos os tamanhos e para todos os gostos: uns mais fartos e peludos; outros mais magrinhos e, eu diria, de pelos ou pele vermelha. Só não sei se eram da mesma espécie ou família, só sei que eram ratos.  De dia eles transitavam pela casa e pelo quintal com a maior cara de pau, passavam despreocupados pelas pessoas, e é claro que tinha uns que passavam depressa, atropelando tudo, e havia outros, abusados, que passavam por mim com a maior elegância. Durante o dia, a minha estada na casa foi até boa, o problema era à noite. Meus deuses, como quero esquecer aquelas noites. Foram exatas três noites que passei em claro, não tinha reza que me fizesse pregar os olhos. Fiquei num quartinho próximo à cozinha, e logo à entrada da cozinha ficava o fogão, ratos adoram fogão. A casa era tão silenciosa que o barulho que os ratos faziam podia ser ouvido pelo bairro inteiro. Era uma algazarra tremenda; na primeira noite eu fiquei chateada, irritada e até chorei por estar naquela situação; na segunda noite, mesmo com medo e com nojo, eu tentei me acalmar e ficar quietinha no quarto, não fiz barulho algum, pois ficava pensando que se eu fizesse barulho, os ratos  poderiam me atacar; eu suava imaginando a cena grotesca, eu, sendo devorada viva por ratos, imaginava que eles começariam pelos meus pés, e subiriam o meu corpo inteiro até alcançarem meus olhos, não sobraria nem os meus cabelos. Eu gelei quando imaginei os ratos devorando meu sexo, senti uma dor profunda no ventre e na alma. Quando amanheceu, eu estava triste, profundamente triste, nunca pensei ficar tão abatida por causa de... ratos.

Na última noite, ainda que continuasse com medo e com nojo, fiquei bem mais tranquila, parei de imaginar os ratos me devorando e tentei entendê-los. Ou melhor, tentei ouvi-los. Como eu disse, a festa maior era no fogão, nessa noite fui para a cozinha e fiquei à espera do espetáculo; não demorou, os ratos chegaram e começaram, não dava para saber quantos eram, só sei que eram muitos, acho que lá no fogão, era uma espécie de local onde faziam reuniões, aquelas sérias, onde decidem coisas importantes, pois primeiro dava para ouvir um rato “falando” e em seguida começava o bate-boca, um chiava mais que o outro. E assim era a reunião, todos “discutiam” e corriam, a coisa devia ser séria mesmo. Eles chegavam lá pelas 23:00 horas e só iam embora às 3:00 da manhã. Não sei se decidiam alguma coisa, fechavam algum acordo, só sei que iam embora e noutra noite eles voltavam Talvez esses ratos fossem uma sociedade secreta, alguma coisa parecida com a Maçonaria, ou a máfia. Quem sabe esses ratos são os “caras” que mandam no Brasil ou nos Estados Unidos da América, e a Dilma e o Obama são subordinados a eles. Bem, acho que os ratos me enlouqueceram, já não estou falando coisa com coisa, onde já se viu ratos mandarem ou planejarem alguma coisa. Mas que eles são mais inteligentes do que gente, ah, isso são. E quanto ao medo e ao nojo, isso nenhum poderoso ratão mudará em mim!