Tainá Vieira
Não
sei se existe coisa pior do que ratos. Esses bichinhos nojentos me causam
náuseas terríveis. Pensei que baratas fossem piores, pois a maioria das pessoas
que conheço, gritam e se desesperam quando veem uma barata, mas os ratos com
certeza ganham das baratas. Até o momento o meu medo e nojo era relacionado à
cobra. Sim, aquele bicho peçonhento horrível que enganou a pobre da Eva. Mas
deixemos as baratas e as cobras de lado e falemos sobre os ratos.
Não
faz muito tempo, por pura necessidade, eu passei algumas noites numa casa onde os
principais moradores eram ratos. Eram de todos os tamanhos e para todos os
gostos: uns mais fartos e peludos; outros mais magrinhos e, eu diria, de pelos
ou pele vermelha. Só não sei se eram da mesma espécie ou família, só sei que
eram ratos. De dia eles transitavam pela
casa e pelo quintal com a maior cara de pau, passavam despreocupados pelas
pessoas, e é claro que tinha uns que passavam depressa, atropelando tudo, e
havia outros, abusados, que passavam por mim com a maior elegância. Durante o
dia, a minha estada na casa foi até boa, o problema era à noite. Meus deuses,
como quero esquecer aquelas noites. Foram exatas três noites que passei em
claro, não tinha reza que me fizesse pregar os olhos. Fiquei num quartinho
próximo à cozinha, e logo à entrada da cozinha ficava o fogão, ratos adoram
fogão. A casa era tão silenciosa que o barulho que os ratos faziam podia ser ouvido
pelo bairro inteiro. Era uma algazarra tremenda; na primeira noite eu fiquei
chateada, irritada e até chorei por estar naquela situação; na segunda noite,
mesmo com medo e com nojo, eu tentei me acalmar e ficar quietinha no quarto,
não fiz barulho algum, pois ficava pensando que se eu fizesse barulho, os
ratos poderiam me atacar; eu suava
imaginando a cena grotesca, eu, sendo devorada viva por ratos, imaginava que
eles começariam pelos meus pés, e subiriam o meu corpo inteiro até alcançarem
meus olhos, não sobraria nem os meus cabelos. Eu gelei quando imaginei os ratos
devorando meu sexo, senti uma dor profunda no ventre e na alma. Quando
amanheceu, eu estava triste, profundamente triste, nunca pensei ficar tão
abatida por causa de... ratos.
Na última
noite, ainda que continuasse com medo e com nojo, fiquei bem mais tranquila,
parei de imaginar os ratos me devorando e tentei entendê-los. Ou melhor, tentei
ouvi-los. Como eu disse, a festa maior era no fogão, nessa noite fui para a
cozinha e fiquei à espera do espetáculo; não demorou, os ratos chegaram e
começaram, não dava para saber quantos eram, só sei que eram muitos, acho que
lá no fogão, era uma espécie de local onde faziam reuniões, aquelas sérias,
onde decidem coisas importantes, pois primeiro dava para ouvir um rato
“falando” e em seguida começava o bate-boca, um chiava mais que o outro. E
assim era a reunião, todos “discutiam” e corriam, a coisa devia ser séria
mesmo. Eles chegavam lá pelas 23:00 horas e só iam embora às 3:00 da manhã. Não
sei se decidiam alguma coisa, fechavam algum acordo, só sei que iam embora e
noutra noite eles voltavam Talvez esses ratos fossem uma sociedade secreta,
alguma coisa parecida com a Maçonaria, ou a máfia. Quem sabe esses ratos são os
“caras” que mandam no Brasil ou nos Estados Unidos da América, e a Dilma e o
Obama são subordinados a eles. Bem, acho que os ratos me enlouqueceram, já não
estou falando coisa com coisa, onde já se viu ratos mandarem ou planejarem
alguma coisa. Mas que eles são mais inteligentes do que gente, ah, isso são. E
quanto ao medo e ao nojo, isso nenhum poderoso ratão mudará em mim!