Amigos do Fingidor

terça-feira, 16 de agosto de 2016

O robô advogado


Pedro Lucas Lindoso

Quando meu colega Chaguinhas começou a advogar, e eu também, ainda no século passado, não havia computador. Uma figura imprescindível em qualquer escritório era uma excelente datilógrafa. Hoje não precisamos mais delas. Para isso, tivemos que nos habituar ao computador e ao indefectível programa chamado “Word”, o grande responsável pelo fim das datilógrafas.
Mas as coisas não pararam por aí. Estagiário do Departamento Jurídico do BASA em Brasília, lembro-me de diariamente ir ao TST, verificar o acompanhamento de processos trabalhistas originários principalmente de Belém, sede do banco e de outros estados, inclusive do Amazonas. O andamento era feito em fichas. As reclamações trabalhistas recebiam um número novo quando havia recurso para os tribunais regionais e um outro número quando chegavam ao TST. Todas essas informações eram datilografadas em fichas. Nossa primeira missão era saber qual o relator designado para o processo. Hoje em dia acompanha-se tudo pela internet. Os processos recebem um número só, em sua origem, nas varas do trabalho (naquela época se chamavam JCJ – Juntas de Conciliação e Julgamento). Havia os juízes classistas, oriundos dos sindicatos de obreiros e patronais. Tudo mudou.
Outra tarefa árdua destinada aos estagiários era a leitura dos diários de justiça, onde se publicavam as decisões. Advogados só liam tais decisões após devidamente recortadas e catalogadas. As mais impactantes, que se considera jurisprudência importante, eram fichadas e arquivadas!
E as coisas continuaram a progredir. Tudo hoje está a um click do mouse. Acompanhamento de processos, agenda de advogados, e muitas tarefas que se fazia na “mão grande” como diz o Chaguinhas. Há programas que fazem procurações, peças de juntada e outras petições mais simples, num piscar de olhos.
Chaguinhas me diz que um escritório americano contratou um “robô-advogado”. O robô vai atuar como uma fonte rápida e praticamente inesgotável de informação, com a vantagem de interagir com os advogados em uma linguagem “mais natural”. O “robô-advogado” pode armazenar toda a legislação do país bem como decisões dos diversos tribunais. Só falta mesmo dar uma OAB para o robô. Seria um “robô-advogado” ou um “advogado-robô”?