Pedro Lucas Lindoso
Quando meu colega Chaguinhas
começou a advogar, e eu também, ainda no século passado, não havia computador.
Uma figura imprescindível em qualquer escritório era uma excelente datilógrafa.
Hoje não precisamos mais delas. Para isso, tivemos que nos habituar ao
computador e ao indefectível programa chamado “Word”, o grande responsável pelo
fim das datilógrafas.
Mas as coisas não pararam
por aí. Estagiário do Departamento Jurídico do BASA em Brasília, lembro-me de
diariamente ir ao TST, verificar o acompanhamento de processos trabalhistas
originários principalmente de Belém, sede do banco e de outros estados,
inclusive do Amazonas. O andamento era feito em fichas. As reclamações
trabalhistas recebiam um número novo quando havia recurso para os tribunais
regionais e um outro número quando chegavam ao TST. Todas essas informações
eram datilografadas em fichas. Nossa primeira missão era saber qual o relator
designado para o processo. Hoje em dia acompanha-se tudo pela internet. Os
processos recebem um número só, em sua origem, nas varas do trabalho (naquela
época se chamavam JCJ – Juntas de Conciliação e Julgamento). Havia os juízes
classistas, oriundos dos sindicatos de obreiros e patronais. Tudo mudou.
Outra tarefa árdua destinada
aos estagiários era a leitura dos diários de justiça, onde se publicavam as
decisões. Advogados só liam tais decisões após devidamente recortadas e
catalogadas. As mais impactantes, que se considera jurisprudência importante,
eram fichadas e arquivadas!
E as coisas continuaram a
progredir. Tudo hoje está a um click do mouse. Acompanhamento de processos,
agenda de advogados, e muitas tarefas que se fazia na “mão grande” como diz o
Chaguinhas. Há programas que fazem procurações, peças de juntada e outras
petições mais simples, num piscar de olhos.
Chaguinhas me diz que um
escritório americano contratou um “robô-advogado”. O robô vai atuar como uma
fonte rápida e praticamente inesgotável de informação, com a vantagem de
interagir com os advogados em uma linguagem “mais natural”. O “robô-advogado”
pode armazenar toda a legislação do país bem como decisões dos diversos
tribunais. Só falta mesmo dar uma OAB para o robô. Seria um “robô-advogado” ou
um “advogado-robô”?