Pedro Lucas Lindoso
Outrora as coisas demoravam
a chegar a Manaus. Segundo tia Idalina, a cidade foi a última capital a
conhecer uma escada rolante. Nos anos 60, somente conheci a TV quando em férias
no Rio de Janeiro. A televisão só chegou a Manaus no final da década.
Mas o Pokémon Go, jogo
virtual lançado pela Nintendo em todo o Brasil, já chegou a cidade. Virou febre
e tem causado muita polêmica. As pessoas
usam os celulares para procurar e capturar os pokémons. Parece uma mistura do mundo virtual com o
real.
Minha jovem dentista é uma
competente profissional. Dra. Aline foi adolescente nos anos 90 quando conheceu
pokémons em desenhos e vídeo games. Houve por bem cancelar todos os seus pacientes
do dia para ir atrás de pokémons pela cidade.
Segundo meu amigo
Chaguinhas, há uma quantidade grande de caboclo leso nos shoppings, praças e
parques da cidade a procura de pokémons. Diz Chaguinhas que a atividade é
extremamente perigosa. O jogador fica vulnerável a assaltos, furtos e até a ser
atropelado. Enquanto se procura os pokémons, caminha-se pelas ruas da cidade. A
caça aos pokémons é feita por meio de geolocalizadores, o tal Google Maps.
Circula nas redes que o
criador dos pokémons foi Satoshi Tajiri. Um atual bilionário que teve a ideia
de criar esse jogo com base numa coleção de bichinhos. Responsável por uma
febre mundial de consumo de produtos e diversão, Satoshi é portador de
autismo. Mostra ao mundo que ser
diferente não impede de ter suas habilidades reconhecidas e não deixou que um
diagnóstico desfavorável pudesse impedir de realizar-se.
Acabo de falar com tia
Idalina, de confessos 70 anos de idade e moradora de Copacabana no Rio de
Janeiro. Disse-me que está extasiada com a estrutura montada na praia para as
Olimpíadas.
Titia adora uma novidade.
Montou uma equipe de amigas, contratou um segurança particular e está passeando
pela orla de Copacabana a procura de pokémons. Mensagem de Idalina me diz que
já capturou vários deles com os peculiares nomes de caterpie, weedle, charmander,
pidgey e bellsprout. Alertei-a do perigo de sair pelas ruas com o celular em
punho. Ela respondeu que a sua equipe contratou um charmoso e eficiente guarda-costas.
De minha parte, vou aguardar
minha netinha Maria Luísa crescer para juntos programar uma caçada de pokémons
nos shoppings e praças de Manaus.