Amigos do Fingidor

sexta-feira, 3 de março de 2017

exercício nº 3



Zemaria Pinto

É madrugada. O ritual dos parvos
faz-se preciso e lento. Peregrino,
meu corpo vertical é um fantoche
cambaleando em cordas invisíveis.

Já não sei quem sou. Naves de papel            
num circunscrito céu circunvoluem
entre as amarras de concreto gris
e bandos vira-latas de mendigos.

De repente, uma pomba rasga o ar
num pardacento feixe de luz. Não,                
nenhum olho fixou aquele instante,
preciso instante feito de lampejos.          

De mim desperto, silencio o grito 
que se formara exausto no meu peito: