Zemaria Pinto
fingere. a dor esculpida em riso ou siso: el
dolor de ya no ser. essências & medulas. medo. de não sentir o que se sente
quando se pensa que. eu, não, eu. autofagia. devora-me ou. eu não sabia, eu só
queria te conhecer. mas, o que pode, o que pensa, o que quer? tudo – e mais
alguma coisa: absoluto. eu, resoluto, explodo em estilhaços de. eu profundo,
quantos eus? quando, eu? nonada, bosticatoa – quer saber? poder & desprezo:
domínio/abandono. língua & linguagem, loucas papilas unem bocas &
axilas. pó, água, barro: homem. vem comigo, forma inexata, tapete púrpura, jambo,
deitar. derrame o sol seus cristais. nos meus umbrais canta um bem-te-vi vadio,
a repetir, a repetir, ah! tua cara de lua reflete a luz do lampião. fachear.
manhã nascida do verso feito carne – gozo & fogo. ravina perpassa vento,
ventania. demência. mente alada, fingimento, alegria, dor, rebeldia. ainda
& sempre. criar: mesmo à revelia. do sono, do saldo, da sarna. cita da
citação: é sempre o homem, mesmo que seja o boi. berro. arrancam-me os olhos,
mas posso ver-te. paisagem queima-me a pele. eu retorcido, cauim. beleza
inútil, poesia? palavra, lavra lavada – anoiteço, desamanheço de mim. obscuro.
canto & muro. tristezas não pagam patos. desmantelo o improviso assobiando
tercetos. cateretê. desarme-se/desatrele-se. sorris, mas eu te quero ainda. ao
sol, todos os gatos são fardos. magia. na linha do soco, se agache. rito. beijo
na boca, hortelã & caju. diz que me ama, mas não fala. guarda aladas
palavras como palomas nas torres da catedral. rubi na boca. troféu. batalha
vencida. tempo: litania. jogo: um lance de dedos. liame de corpos jogados ao
léu. revelação, forma & substância: encontro. imagem, música. logos.