Amigos do Fingidor

quinta-feira, 30 de março de 2017

Nos 91 anos de Thiago de Mello


Repente feito cantiga
para Thiago de Mello
nos seus muito bem vividos
155 anos
de amor e de poesia


 Zemaria Pinto




Noventa anos de vida
treze lustros de ternura
somando, caro Thiago
quinze décadas e meia
muito bem distribuídas
entre a arte de fazer
canções pro povo cantar
cantar pra encantar o povo
e sorrir seu riso franco
no preparo da manhã
sempre vestido de branco
sob a alva cabeleira
ninho de garças selvagens
planando ao sabor do vento.

Noventa anos de vida
treze lustros de ternura.
Como estás velho, meu velho!
Estás mais sábio e mais belo
como a estrela matutina
que a todos nós luminou
através de teus poemas
quando a noite foi mais noite
na escuridão do país
(a manhã mal levantou:
o povo ainda tem fome
de pão, justiça e amor).
Tu cumpres a tua parte:
desde que foste chamado
o povo te tem ao lado.

Noventa anos de vida
treze lustros de ternura.
Já me despeço, poeta
a madrugada vai alta
e os olhos já se enevoam
não de sono (sou noturno)
mas do cansaço dos anos
que me começam pesar
na chegada dos sessenta,
coisa que não te apoquenta
pois voltas a ser menino
na beleza destes dias.

Noventa anos de vida
treze lustros de ternura,
abraça-te comovido
teu amigo Zemaria.


Este poema vem sendo adaptado, de 10 em 10 anos, desde os 70 anos do poeta, que faz, hoje, 30.03.17, 91 anos.