Repente
feito cantiga
para Thiago
de Mello
nos seus muito
bem vividos
155 anos
de amor e de
poesia
Zemaria
Pinto
Noventa anos
de vida
treze
lustros de ternura
somando,
caro Thiago
quinze
décadas e meia
muito bem
distribuídas
entre a arte
de fazer
canções pro
povo cantar
cantar pra
encantar o povo
e sorrir seu
riso franco
no preparo
da manhã
sempre
vestido de branco
sob a alva
cabeleira
ninho de
garças selvagens
planando ao
sabor do vento.
Noventa anos
de vida
treze
lustros de ternura.
Como estás
velho, meu velho!
Estás mais
sábio e mais belo
como a
estrela matutina
que a todos
nós luminou
através de
teus poemas
quando a
noite foi mais noite
na escuridão
do país
(a manhã mal
levantou:
o povo ainda
tem fome
de pão,
justiça e amor).
Tu cumpres a
tua parte:
desde que
foste chamado
o povo te
tem ao lado.
Noventa anos
de vida
treze
lustros de ternura.
Já me
despeço, poeta
a madrugada
vai alta
e os olhos
já se enevoam
não de sono
(sou noturno)
mas do
cansaço dos anos
que me
começam pesar
na chegada
dos sessenta,
coisa que
não te apoquenta
pois voltas
a ser menino
na beleza
destes dias.
Noventa anos
de vida
treze
lustros de ternura,
abraça-te
comovido
teu amigo
Zemaria.
Este poema
vem sendo adaptado, de 10 em 10 anos, desde os 70 anos do poeta, que faz, hoje,
30.03.17, 91 anos.