Allison Leão
skabrática 1
– doutor, se doer, o senhor jura que me leva pra passear nessas suas enormes asas?
*Ainda sem ter lido Kafka ou Borges, aos três anos de idade conheci skabrática. Não era fêmea de um skabrático, porque no mundo só havia ela de sua espécie. Às vezes tinha a forma de um novelo, às vezes, de um dragão. Umas vezes aparecia toda azul, outras, toda amarela. Mas na maior parte do tempo era invisível. Não para mim: para os outros, por entre os quais ela caminhava, saltava, voava ou se desfazia quando eu ria. Eu então olhava ao redor, prestes a ficar profundamente triste por não a estar enxergando... Até entender que ela tornara-se meu riso no ar.