Jorge Tufic
SEXTINA
- É um poema de FORMA FIXA cuja invenção se atribui ao provençal Arnaut Daniel
e que consta de seis ESTROFES de seis VERSOS cada, além de um REMATE de três;
as RIMAS pretendem fazer-se pela simples repetição das mesmas palavras no fim
dos VERSOS de todas as ESTROFES, e, para terminar, nos HEMISTÍQUIOS do REMATE:
também deve repetir-se no primeiro VERSO de cada ESTROFE a terminação do último
da anterior, como na “Sextina a uma amigo”, de Diogo Bernardes (ibidem):
Se pretendeis, senhor, do louro verde
o prêmio alcançar da mão de Febo,
no fresco Pindo celebrado monte,
não deixeis de seguir pelo caminho
que começaste, com louvor das Musas,
que tudo vence um valeroso peito.
Em ócio vil um grande e forte peito
passar não deixa a sua idade verde:
querem trabalho e tempo as altas Musas,
não se descobre sempre a luz de Febo,
pouco a pouco se mostra o bom caminho
por entre as brenhas do cerrado monte.
Ora no fundo rio, ora no monte,
mil vezes acontece dar de peito
o que cuida que vai por bom caminho,
direito chão pisando a relva verde;
mas logo a quem (na volta) mostra Febo
seguro passo, com favor das Musas.
Não que entendam de vós, as brandas Musas,
que tudo vos parece áspero monte
por onde vos obriga a subir Febo:
não entre tal receio em vosso peito,
que em secos troncos acha-se erva verde,
sombras e fontes no pior caminho.
Ponde os olhos no fim deste caminho:
vereis no cabo dele estar as Musas,
junto da clara fonte em prado verde,
na mais alegre parte do seu monte,
soltando doces versos do seu peito
ao som da lira do suave Febo.
Segui, senhor, segui o brando Febo,
pois sempre vos guiou por bom caminho,
inspirando de novo em vosso peito
segredos altos que convém às Musas
para vos dar capela no seu monte,
da sua (que foi Ninfa) planta verde.
Ora seco, ora verde, o seu caminho
nos mostra Febo, sempre firme peito
para das Musas cultivar o monte.