Amigos do Fingidor

terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Desculpe aí, patroa!



Pedro Lucas Lindoso


A Polícia Civil do Amazonas montou um esquadrão antigatos. Não é para exterminar os gatos de rua da cidade. Aliás, são muitos. Trata-se de combater preventivamente o furto de energia elétrica em Manaus. Há furtos principalmente porque aqui a energia elétrica é muito cara.
O fato é que a concessionária de energia perdeu mais de 300 milhões de reais com furtos de energia, os famosos “gatos”. Resolveu reforçar a fiscalização, com ajuda da Polícia. Grande parte da população de alguns bairros vai responder criminalmente por furto de energia elétrica. Será?
Há alguns anos, quando a concessionária era pública, houve programa de doação de geladeiras novas para parte da população que usa “gatos”. Geladeiras velhas consumiam o triplo de energia. A concessionária fez grande economia. Todos sabem quem usa “gatos”: o governo, a concessionária e a polícia.
Quando Elizabeth II visitou o Brasil em 1968, a segurança descobriu um “gato” na Embaixada Britânica no Rio de Janeiro. Malandro carioca furtava energia de sua majestade.
No tribunal, Dr. Chaguinhas, colega advogado, lamentava-se porque perdeu um bom partido. O seu melhor partido. Advocacia de partido consiste em prestar assessoria, geralmente à pessoa jurídica, mediante o pagamento de um valor fixo mensal. Teve rescindido o contrato com um banco. Alertou a família da necessidade de apertar o cinto.
Vamos diminuir a conta de energia da casa, decretou. Sendo um sujeito ético e honesto, não pensou em fazer “gato’”. Pediu aos familiares que não usassem ar-condicionado durante o dia. Banhos rápidos e de água fria se possível, bem como outras medidas que promovessem a economia de energia.
A diarista também foi solicitada a evitar ligar o ar. Ao chegar a casa, a mulher de Chaguinhas notou que as janelas e portas estavam fechadas, bem como as cortinas. E o ar ligado em todos os compartimentos. A casa parecia o polo norte. A diarista, sozinha, limpava a casa e cantarolava alegremente.
A mulher de Chaguinhas conversou com a moça, explicando-lhe novamente que era preciso economizar energia, até mesmo para preservar o seu emprego.
A moça alegou que na casa dela usa o ar-condicionado o tempo todo. Porque lá é “gato”. De repente, “caiu a ficha”. E comentou:
– Nossa! Esqueci que a senhora paga energia! Desculpe aí, patroa!