Pedro Lucas Lindoso
A Polícia Civil do Amazonas montou um esquadrão antigatos.
Não é para exterminar os gatos de rua da cidade. Aliás, são muitos. Trata-se de
combater preventivamente o furto de energia elétrica em Manaus. Há furtos
principalmente porque aqui a energia elétrica é muito cara.
O fato é que a concessionária de energia perdeu mais de 300
milhões de reais com furtos de energia, os famosos “gatos”. Resolveu reforçar a
fiscalização, com ajuda da Polícia. Grande parte da população de alguns bairros
vai responder criminalmente por furto de energia elétrica. Será?
Há alguns anos, quando a concessionária era pública, houve
programa de doação de geladeiras novas para parte da população que usa “gatos”.
Geladeiras velhas consumiam o triplo de energia. A concessionária fez grande
economia. Todos sabem quem usa “gatos”: o governo, a concessionária e a
polícia.
Quando Elizabeth II visitou o Brasil em 1968, a segurança
descobriu um “gato” na Embaixada Britânica no Rio de Janeiro. Malandro carioca
furtava energia de sua majestade.
No tribunal, Dr. Chaguinhas, colega advogado, lamentava-se
porque perdeu um bom partido. O seu melhor partido. Advocacia de partido
consiste em prestar assessoria, geralmente à pessoa jurídica, mediante o
pagamento de um valor fixo mensal. Teve rescindido o contrato com um banco.
Alertou a família da necessidade de apertar o cinto.
Vamos diminuir a conta de energia da casa, decretou. Sendo um
sujeito ético e honesto, não pensou em fazer “gato’”. Pediu aos familiares que
não usassem ar-condicionado durante o dia. Banhos rápidos e de água fria se
possível, bem como outras medidas que promovessem a economia de energia.
A diarista também foi solicitada a evitar ligar o ar. Ao
chegar a casa, a mulher de Chaguinhas notou que as janelas e portas estavam
fechadas, bem como as cortinas. E o ar ligado em todos os compartimentos. A
casa parecia o polo norte. A diarista, sozinha, limpava a casa e cantarolava
alegremente.
A mulher de Chaguinhas conversou com a moça, explicando-lhe
novamente que era preciso economizar energia, até mesmo para preservar o seu
emprego.
A moça alegou que na casa dela usa o ar-condicionado o tempo
todo. Porque lá é “gato”. De repente, “caiu a ficha”. E comentou:
– Nossa! Esqueci que a senhora paga energia! Desculpe aí,
patroa!