A Cia de Teatro Vitória
Régia segue apresentando, sempre às quintas-feiras, em janeiro e fevereiro, o
ciclo Teatro e Resistência – leituras dramáticas.
A mostra visa colocar em
discussão a situação do teatro e do Brasil, nas décadas de 1960 e 1970, quando
a repressão imposta pela ditadura militar e pelas milícias “anticomunistas”
perseguiam autores e atores, num paralelo com o retrocesso que se instala hoje no
país, disfarçado sob o falso argumento da proteção à família e aos bons costumes.
Para isso, o grupo
selecionou textos representativos,
que expõem as entranhas da ditadura instalada em 1964: a repressão aos
movimentos populares, a censura, a prisão arbitrária, o exílio, a tortura, o
assassinato.
Nesta quinta-feira, 24 de
janeiro, sob a direção de Nonato Tavares, será feita a leitura de Patética, de
João Ribeiro Chaves Neto, vencedor de concurso promovido pelo Serviço Nacional
de Teatro, em 1977, cujas cópias foram confiscadas pela polícia, com o claro e
estúpido intuito de fazer a peça desaparecer definitivamente.
O texto, uma metáfora do
teatro brasileiro, é uma alegoria da morte do jornalista Vladimir Herzog, “suicidado”
pela polícia. Complexo, sem ser obscuro, construído em quatro níveis
diferentes, o texto mostra uma trupe de circo representando a vida de Herzog,
desde a chegada de seus pais, judeus, no Brasil, fugindo da Iugoslávia –
inicialmente, dominada pelos nazistas de Hitler; depois, pelos comunistas de
Tito. Para o crítico Fernando Peixoto, “Patética é um texto que se fundamenta
na verdade e sobretudo na necessidade de não permanecer em silêncio diante da
injustiça e da violência”.
Serviço:
Evento: Teatro e
Resistência – leituras dramáticas
Finalidade: mostra de
peças de autores censurados, como João Ribeiro Chaves Neto, Gianfrancesco
Guarnieri, Chico Buarque, Dias Gomes e outros
Quanto: dia 24 de
janeiro, às 19h
Onde: SINTTEL – Alexandre
Amorim, 392, Aparecida
Recomendado para maiores
de 16 anos.
Entrada franca.