Amigos do Fingidor

quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

A poesia é necessária?

Mar e vento

Luciano Maia

 

A minha nau a um tempo derivou –

foi quando conheci da noite o mar.

Não me salvou a bússola: em voo

uma ave azul as asas foi me dar.

A mostrar-me o horizonte ao céu se alçou

e por suas asas consegui me alçar

por sobre o vendaval que arrebentou

o cordame das velas pelo ar.

No céu diviso luzes e por vê-las

navega a minha nau um mar isento

de noites tormentosas. Singra pelas

ondas sem pressa e sem adiamento.

Segue o cardume alado das estrelas

pela mão oceânica do vento.