Viajante
Tainá Vieira
Os
dias são longos
feitos
de tédio
anseio
pela noite
longa
e alegre.
O
corpo sobre a cama
nem
vê a noite passar,
enquanto
a mente voa
como
vampiro que espera
a
escuridão para caçar,
saio
em disparada
rumo
à liberdade
para
qualquer lugar.
Já
assisti ao fim do mundo,
já
tive muitos filhos
já
matei alguém
já
me vi criança
já
fui homem
já
fui bicho.
E
já vi a minha própria morte,
estavam
me velando
estavam
chorando
estavam
celebrando,
eu
ali deitada
morta,
no caixão
pálida,
feia e fria
tal
qual a morte
que
me deu essa visão.
E
quando o cortejo ia saindo
de
súbito gritei
–
estou viva!
mas
ninguém me ouvia
ninguém
me via,
eu
não estava ali.