Noche de ronda
Zemaria Pinto
É mais
uma história de amor que termina. Aliás, as histórias de amor não terminam:
elas implodem. E nós implodimos juntos e nos despedaçamos, num antirritual
demoníaco. Não, essa não sou eu falando d’Ela. Não chegamos ao estágio do ódio.
No fundo, bem lá no fundo, eu espero que ela volte. Nos meus devaneios mais
loucos, nas madrugadas da minha varanda, eu vejo a lua passando e sei que em
algum lugar ela está olhando a lua e pensando em nossas madrugadas na varanda.
Hoje, a lua contempla apenas o negrume da minha solidão, a sombra do desespero
que dá esse sentido provisório à minha vida.
Noche de
Ronda (1937), Maria
Teresa Lara (México, 1904-1984). Bolero.
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