Pedro Lucas Lindoso
Em
fevereiro tem carnaval. Desde que me entendo por gente. E quantas vezes ouvi
dizer que o ano aqui no Brasil só começa mesmo depois do Carnaval. Para mim,
quando menino, isso era uma premissa realmente verdadeira. O ano escolar só
começava depois do Carnaval. Tínhamos férias de 1 de dezembro até 28 de
fevereiro. As aulas só começavam em março.
Jovem
adulto e já casado, vivi o tal carnaval fora de época. Em Brasília havia a Micarecandanga.
O evento Micarecandanga está na memória afetiva dos brasilienses. Inclusive e principalmente dos meus filhos.
Lembro-me
de levá-los a alguns shows, com a participação dos artistas que fizeram a
história da axé music. Os nossos filhos gostavam muito. Shows animados com Luiz
Caldas, Chiclete com Banana, Asa de Águia e a Banda Eva, que à época tinha como
vocalista Ivete Sangalo.
Esse
evento era em agosto. Mas as músicas predominavam na época de carnaval. Nos
bailes daqueles anos tocava-se muito o axé music. Mas nunca se deixava de ouvir
as marchinhas tradicionais, como Máscara negra, e tantas outras.
Quando
menino, aqui em Manaus, usávamos fantasias para os bailes infantis do Rio Negro
e Ideal. Fui chinês, pirata, cabo Rust e até um tirolês caboquinho. Tenho
muitas lembranças de divertidos carnavais de minha adolescência e jovem adulto.
Em especial, um carnaval de um inesquecível verão, no Rio de Janeiro. Formou-se
animado grupo organizado por duas primas queridas. Fomos a um eletrizante baile
de carnaval.
É
difícil acreditar que não teremos carnaval esse ano. Essa pandemia nos tem
privado de muita coisa e causado a perda terrível de muitos. No meio de tanta
tristeza, fico buscando algo de bom, algo de positivo. Não suporto mais tanta
notícia triste. Espero que em breve a gente possa cantar novamente: “Quanto
riso, oh, quanta alegria!”
E
também que o Arlequim possa chorar pelo amor da Colombina no meio da multidão.
E todos possam novamente se abraçar e se beijar, sem constrangimentos, sem
contaminação, sem medo de pegar esse horrível vírus. E que as pessoas possam se
beijar sempre. Sem levar a mal. Não só porque é carnaval. Mas porque o vírus se
foi. E todos voltarão a cantar: “Quanto riso, oh, quanta alegria! Mais de mil
palhaços no salão.”
Quero
voltar a cantar a Máscara negra. Mas de preferência, sem máscara!