Amigos do Fingidor

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Máscara negra

 Pedro Lucas Lindoso

 

Em fevereiro tem carnaval. Desde que me entendo por gente. E quantas vezes ouvi dizer que o ano aqui no Brasil só começa mesmo depois do Carnaval. Para mim, quando menino, isso era uma premissa realmente verdadeira. O ano escolar só começava depois do Carnaval. Tínhamos férias de 1 de dezembro até 28 de fevereiro. As aulas só começavam em março.

Jovem adulto e já casado, vivi o tal carnaval fora de época. Em Brasília havia a Micarecandanga. O evento Micarecandanga está na memória afetiva dos brasilienses.  Inclusive e principalmente dos meus filhos.

Lembro-me de levá-los a alguns shows, com a participação dos artistas que fizeram a história da axé music. Os nossos filhos gostavam muito. Shows animados com Luiz Caldas, Chiclete com Banana, Asa de Águia e a Banda Eva, que à época tinha como vocalista Ivete Sangalo.

Esse evento era em agosto. Mas as músicas predominavam na época de carnaval. Nos bailes daqueles anos tocava-se muito o axé music. Mas nunca se deixava de ouvir as marchinhas tradicionais, como Máscara negra, e tantas outras.

Quando menino, aqui em Manaus, usávamos fantasias para os bailes infantis do Rio Negro e Ideal. Fui chinês, pirata, cabo Rust e até um tirolês caboquinho. Tenho muitas lembranças de divertidos carnavais de minha adolescência e jovem adulto. Em especial, um carnaval de um inesquecível verão, no Rio de Janeiro. Formou-se animado grupo organizado por duas primas queridas. Fomos a um eletrizante baile de carnaval.

É difícil acreditar que não teremos carnaval esse ano. Essa pandemia nos tem privado de muita coisa e causado a perda terrível de muitos. No meio de tanta tristeza, fico buscando algo de bom, algo de positivo. Não suporto mais tanta notícia triste. Espero que em breve a gente possa cantar novamente: “Quanto riso, oh, quanta alegria!”

E também que o Arlequim possa chorar pelo amor da Colombina no meio da multidão. E todos possam novamente se abraçar e se beijar, sem constrangimentos, sem contaminação, sem medo de pegar esse horrível vírus. E que as pessoas possam se beijar sempre. Sem levar a mal. Não só porque é carnaval. Mas porque o vírus se foi. E todos voltarão a cantar: “Quanto riso, oh, quanta alegria! Mais de mil palhaços no salão.”

 Quero voltar a cantar a Máscara negra. Mas de preferência, sem máscara!