Amigos do Fingidor

sábado, 9 de janeiro de 2010

Crime de lesa-patrimônio

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O que restou dos casarões geminados.
Ao fundo, o Palácio Rio Negro.
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O que assistimos nos últimos dias foi de embrulhar os estômagos mais insensíveis: um festival de mentiras sobre, afinal, de quem é a responsabilidade pela demolição das casas situadas ao lado do Palácio Rio Negro, reformadas há não mais que 10 anos. As autoridades responsáveis jogaram a culpa na construtora, contumaz financiadora de prefeitos e governadores do Amazonas, nos últimos 28 anos.
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Mentira 1: a demolição foi manual. Como se isso fizesse alguma diferença. A sequência de fotos da nossa querida Clara Nihil – a melhor fotógrafa do Jardim Brasil – escancara a mentira.
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Mentira 2: nenhuma autoridade sabia o que estava acontecendo. Os casarões ficam ao lado da Secretaria de Cultura – que, como ninguém ignora, funciona num anexo do Palácio Rio Negro –, e a 500 metros da UGPI, gestora do Prosamin, cujo nome de remédio esconde o maior crime ambiental cometido contra esta infeliz cidade de Manaus: o aterramento dos igarapés que cortavam a cidade. Estavam todos de férias?
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Mentira 3: a construtora vai refazer os casarões, sem ônus para o Estado. Então, tá. E certamente ainda sobrará um trocado para a campanha deste ano.
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É o caso de se perguntar: destruíram os igarapés que estavam aí desde os tempos míticos de Yabá Buró, a Avó do Mundo, por que nós estamos reclamando de umas casinhas de pouco mais de 100 anos?
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Que a maldição de Iurupari se abata sobre a canalha!










Texto: João Sebastião, o arrasa-quarteirão.
Fotos: Clara Nihil, a inefável.