Amigos do Fingidor

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

(in)nesperado

acordou na hora de costume. após o café, demorou um pouco mais na leitura dos jornais, vestiu o paletó e, como sempre fazia, despediu-se com um beijo no rosto da mulher.

mas, desta vez, não voltaria para o almoço. nem sequer telefonaria. era quase noite quando foram encontrá-lo sentado no banco da praça próxima ao porto. o corpo inerte, já frio como o da estátua em bronze poucos metros adiante. os olhos sem brilho permaneciam fixos na folha de papel, que comunica a aposentadoria compulsória.


(Adriano Aragão)