Amigos do Fingidor

terça-feira, 29 de junho de 2010

O estranho caso da Vila da Barra – 6

Marco Adolfs


O consumo pode aumentar bastante; assim como a produção – afirmei.

– E como é essa vulcanização? – perguntou o português, desejando saber mais detalhes sobre aquela coisa tão maravilhosa que estava acontecendo no resto do mundo e que poderia ser a tão esperada ajuda que tiraria sua vila daquela situação que deixava seus bolsos vazios.

– É uma mistura do leite dessa árvore ao enxofre, o que torna a borracha produzida mais maleável, mais elástica e mais resistente às mudanças de temperatura. Ela não mais endurece quando fria, ficando quebradiça. Nem fica amolecida, quando quente. Como lhe falei, a borracha fica com uma estabilidade impressionante.

– É com isso que aqueles senhores da Companhia Portuguesa de Cerâmica estão mexendo? – indagou o português, desconfiado. – Não ficou bem claro o que eles vieram fazer aqui – completou. Também fizeram muitas perguntas sobre essa tal árvore. E, é claro, me pagaram adiantado pela tua estadia.

– Bem... – comecei a explicar –, estou sendo também muito bem pago, para executar uma tarefa muito especial... – Posso falar? – perguntei-lhe, desviando o olhar na direção das outras pessoas que se encontravam no recinto.

– Vamos até ali – aconselhou o português, indicando uma parte da casa.

– Mas o que é que esses patrícios desejam de tão importante nesse fim de mundo, e ainda mais usando um brasileiro cheio de segredos!? – perguntou.

– As sementes dessa árvore da seringa. – sussurrei. – Centenas delas! – continuei. É disso que eles precisam urgentemente!

O português olhou-me com uma expressão abobalhada.

– É isso mesmo o que o senhor escutou – disse enfaticamente.

– Mas é absurdo! – exclamou o português. – E para que eles querem essas sementes e em tão grande quantidade? – perguntou.

(Continua na próxima terça)