Jorge Tufic
II.4
- OS PROCESSOS DE REITERAÇÃO
II.4.1
- A REITERAÇÃO
A
reiteração é um recurso estilístico que consiste, por excelência, em dar relevo
ou intensificar os principais significados do tema ou da matéria em composição.
É famoso o exemplo de repetição no poema “Mundo mundo vasto mundo”, de Carlos
Drummond de Andrade:
Mundo
mundo,
vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução
Mundo
mundo,
vasto mundo,
mais vasto é o meu coração.
II.4.2
- A ANÁFORA
Essa
figura consiste na repetição de uma só palavra ou frase no começo de vários
versos de um poema, como neste “Salmo Perdido”, em “Terra de Ninguém”, de Dante
Milano:
Creio num deus moderno,
num
deus sem
piedade.
Um
deus moderno, deus
da guerra
e não de paz, etc.
II.4.3
- A ALITERAÇÃO
Empregada
por coincidência ou para efeitos de onomatopéia ou de harmonia imitativa, a
aliteração consiste numa “seqüência de fonemas consonantais idênticos ou
congêneres, dentro da mesma unidade métrica, sobretudo em sílabas tônicas
iniciais” (“Pequeno Dicionário de Arte Poética”, Geir Campos). Exemplos, como
nesta passagem do “Minuano”, em “Poemas de Bilu”, de Augusto Meyer:
As ondas roxas do rio rolando a espuma
batem nas pedras da praia o tapa claro...
Ou
de Eugênio de Castro, citado por Nelly Novaes Coelho:
Cítolas, cítaras, sistros
soam suaves, sonolentos,
sonolentos e suaves,
em suaves,
suaves, lentos lamentos
graves
suaves...