Amigos do Fingidor

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Curso de Arte Poética

Jorge Tufic


II.4 - OS PROCESSOS DE REITERAÇÃO



II.4.1 - A REITERAÇÃO



                   A reiteração é um recurso estilístico que consiste, por excelência, em dar relevo ou intensificar os principais significados do tema ou da matéria em composição. É famoso o exemplo de repetição no poema “Mundo mundo vasto mundo”, de Carlos Drummond de Andrade:

 

Mundo mundo, vasto mundo

se eu me chamasse Raimundo

seria uma rima, não seria uma solução

Mundo mundo, vasto mundo,

mais vasto é o meu coração.

 

II.4.2 - A ANÁFORA

 
                   Essa figura consiste na repetição de uma só palavra ou frase no começo de vários versos de um poema, como neste “Salmo Perdido”, em “Terra de Ninguém”, de Dante Milano:
 

Creio num deus moderno,

num deus sem piedade.

Um deus moderno, deus da guerra

e não de paz, etc.

 

II.4.3 - A ALITERAÇÃO

                   Empregada por coincidência ou para efeitos de onomatopéia ou de harmonia imitativa, a aliteração consiste numa “seqüência de fonemas consonantais idênticos ou congêneres, dentro da mesma unidade métrica, sobretudo em sílabas tônicas iniciais” (“Pequeno Dicionário de Arte Poética”, Geir Campos). Exemplos, como nesta passagem do “Minuano”, em “Poemas de Bilu”, de Augusto Meyer:
 

As ondas roxas do rio rolando a espuma

batem nas pedras da praia o tapa claro...


                   Ou de Eugênio de Castro, citado por Nelly Novaes Coelho:


Cítolas, cítaras, sistros

soam suaves, sonolentos,

sonolentos e suaves,

          em suaves,

suaves, lentos lamentos

          graves

          suaves...