Amigos do Fingidor

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Curso de Arte Poética


Jorge Tufic
 
II.4.4 - A ONOMATOPEIA


                  A melhor definição de onomatopeia, aplicada ao gênero poesia, está, ao nosso ver, no “Pequeno Dicionário de Arte Poética”, de Geir Campos: “Nome dado à FIGURA que resulta quando se repetem ou combinam palavras cujos sons, numa espécie de HARMONIA IMITATIVA, dão idéia exata ou aproximada do objeto ou ação a que se refere o texto, fazendo valerem sobretudo as consoantes (fricativas sugerem fuga, sopro; sibilantes, deslisamento, atrito; guturais, rolamento, confusão; explosivas, pancada, choque), como em “Noite de São João”, um poema de Jorge de Lima, que começa:
 

Vamos ver quem é que sabe
soltar fogos de São João?
Foguetes, bombas, chuvinhas,
chios, chuveiros, chiando,
          chiando
          chovendo
          chuvas de fogo!
          Chá-Bum!
 

II.4.5 - O ECO 

                   Segundo Geir Campos, o eco ou ressonância consiste “numa espécie maligna de HOMOTELÊUTON, de efeito desagradável ao ouvido”. Como “artifício poético”, no entanto, ele acompanha a saída mais fácil para o extravasamento espontâneo da verve popular. O exemplo é de Gregório de Matos: 

Que falta nesta cidade? - Verdade!
Que mais, por sua desonra? - Honra!
Falta mais que se lhe ponha: - Vergonha!  

 

II.4.6 - O PARALELISMO 

                   O paralelismo é um velho recurso poético no qual são repetidos os versos e estrofes do mesmo poema. Exemplo: “E agora, José?”, de Carlos Drummond de Andrade.
 

II.4.7 - O REFRÃO (ou Estribilho) 

                   Nas cantigas populares ou nos poemas eruditos, é a repetição de um ou mais versos entre uma estrofe e outra, como reforço de uma lembrança, de uma idéia ou mesmo de sons, palavras e locuções familiares a uma época, incidente, fato social, folclórico etc. Como sinônimo de estribilho, o refrão tem raízes populares no modo coloquial de situar acontecimentos afetivos, no repouso melódico da frase e na repetição fragmentária. Há copiosos exemplos de refrão na moderna poesia brasileira, com Jorge de Lima, Manuel Bandeira, entre outros.