Jorge Tufic
II.4.4
- A ONOMATOPEIA
A melhor definição de onomatopeia,
aplicada ao gênero poesia, está, ao nosso ver, no “Pequeno Dicionário de Arte
Poética”, de Geir Campos: “Nome dado à FIGURA que resulta quando se repetem ou
combinam palavras cujos sons, numa espécie de HARMONIA IMITATIVA, dão idéia
exata ou aproximada do objeto ou ação a que se refere o texto, fazendo valerem
sobretudo as consoantes (fricativas
sugerem fuga, sopro; sibilantes,
deslisamento, atrito; guturais,
rolamento, confusão; explosivas, pancada,
choque), como em “Noite de São João”, um poema de Jorge de Lima, que começa:
Vamos ver quem é que sabe
soltar fogos de São João?
Foguetes, bombas, chuvinhas,
chios,
chuveiros, chiando,
chiando
chovendo
chuvas de fogo!
Chá-Bum!
II.4.5
- O ECO
Segundo
Geir Campos, o eco ou ressonância consiste “numa espécie maligna de
HOMOTELÊUTON, de efeito desagradável ao ouvido”. Como “artifício poético”, no
entanto, ele acompanha a saída mais fácil para o extravasamento espontâneo da
verve popular. O exemplo é de Gregório de Matos:
Que falta nesta cidade? - Verdade!
Que mais, por sua desonra? - Honra!
Falta mais que se lhe ponha: - Vergonha!
II.4.6
- O PARALELISMO
O
paralelismo é um velho recurso poético no qual são repetidos os versos e
estrofes do mesmo poema. Exemplo: “E agora, José?”, de Carlos Drummond de
Andrade.
II.4.7
- O REFRÃO (ou Estribilho)
Nas
cantigas populares ou nos poemas eruditos, é a repetição de um ou mais versos
entre uma estrofe e outra, como reforço de uma lembrança, de uma idéia ou mesmo
de sons, palavras e locuções familiares a uma época, incidente, fato social,
folclórico etc. Como sinônimo de estribilho, o refrão tem raízes populares no
modo coloquial de situar acontecimentos afetivos, no repouso melódico da frase
e na repetição fragmentária. Há copiosos exemplos de refrão na moderna poesia
brasileira, com Jorge de Lima, Manuel Bandeira, entre outros.