(release)
No
dia 12 de novembro próximo, completar-se-ão 100 anos da morte de Augusto dos
Anjos, o poeta mais popular do Brasil.
A
Academia Amazonense de Letras não poderia deixar passar em branco essa data,
promovendo, nos próximos sábados, 3 e 10 de maio, um minicurso, sob a
responsabilidade do acadêmico Zemaria Pinto, intitulado, “Augusto dos Anjos em
2 tempos”.
Zemaria
Pinto estuda a obra de Augusto dos Anjos há 14 anos, tendo participado de
vários congressos nacionais e internacionais, produzindo comunicações sobre a
obra do poeta. Em 2012, pela UFAM, Zemaria Pinto obteve o grau de Mestre com a
dissertação A invenção do Expressionismo
em Augusto dos Anjos, livro publicado no mesmo ano pela editora Valer, com
mais de 300 páginas, que incluem uma antologia com os melhores poemas do poeta
do hediondo.
A
dissertação de Zemaria Pinto defende a ideia de que Augusto dos Anjos, a partir
de 1906 – antes, portanto dos poetas alemães, que só começaram a publicar
poemas ditos expressionistas em 1910 – começou a desenvolver processos
expressionistas, que não tiveram seguidores de peso no Brasil, porque a obra do
mestre sufocou as tentativas.
Sobre
o minicurso, Zemaria diz que pretende “apresentar a poesia de Augusto dos Anjos
a quem não a conhece e matar a saudade dos anjófilos”, que é como se chamam os
admiradores do poeta. “Pretendo ser bem didático, dando ênfase à obra, mas sem
deixar de corrigir alguns equívocos sobre a vida pessoal do autor”, disse o
professor.
Para
Zemaria Pinto, “100 anos passados de sua morte, pode-se dizer que há dois
Augusto dos Anjos: o poeta, reconhecido pelo público e pela crítica; e o homem,
cuja biografia, pobre de informações, transita entre dois polos, compondo ora
um ser comum, sem nenhum traço peculiar além da excelência como escritor, ora
um ser hediondo, mito alimentado pela própria poesia, que a crítica, em boa
parte, considera ‘inclassificável’”.
Paraibano,
Augusto dos Anjos formou-se em Direito pela Faculdade de Recife, foi para o Rio
de Janeiro atrás de trabalho, o que só conseguiu em Leopoldina, como diretor de
uma escola estadual. Vitimado por uma pneumonia, o poeta, então desconhecido,
faleceu naquela cidade mineira aos 30 anos de idade, deixando apenas um livro
publicado: Eu, de 1912.
Conta-se
que Olavo Bilac, ao encontrar com um amigo que expressava muita tristeza,
perguntou-lhe o porquê daquele estado de espírito. “Então, não sabes? Augusto
dos Anjos morreu.” “Mostra-me um poema dele”, disse o príncipe dos poetas
brasileiros. O amigo recitou. Ao fim, com ar de enfado, Bilac disse por cima
dos ombros: “o mundo não perdeu grande coisa”.
O
sucesso veio aos poucos: uma segunda edição, em 1920; a terceira edição, em
1928. Para um livro de poesia, era um fenômeno. Em 1963, a edição comemorativa
dos 50 anos do Eu alcançava a
incrível marca de 29 edições. De lá para cá, mais de 50 anos passados, com a
obra em domínio público, já não se contam mais as edições e nem é necessário. O
importante é que os poemas estejam disponíveis para o público, embora em
edições nem sempre confiáveis.
Para
se ter uma ideia, aos 58 poemas da edição original, somam-se hoje mais de 150
poemas entre novos (produzidos nos dois anos que se seguiram ao Eu), esquecidos e dispersos, poemas que
o poeta rejeitou na edição original.
A
Academia Amazonense de Letras fornecerá Certificado de Participação, para a
contabilização de horas complementares, para universitários. O preço da
inscrição é de R$ 5,00.
A
Academia Amazonense de Letras funciona regularmente de segunda a sexta-feira, à
rua Ramos Ferreira, 1009, esquina com a Tapajós, no Centro Histórico de Manaus.
Mais
informações podem ser obtidas pelos telefones 3342-5381 e 3343-6309, ou pelo
e-mail acadam@ig.com.br.