Amigos do Fingidor

quinta-feira, 16 de abril de 2015

A genética igualando pessoas com cores diferentes de pele



João Bosco Botelho

O século 20 está profundamente marcado pela aproximação entre a Medicina e o Direito, ambos procurando por meio da ciência e da tecnologia, controlar a dor, empurrar os limites da vida e evitar as injustiças.
 Ao aceitarmos a pós-modernidade, como sugere Jean‑François Lyotard, moldada no desencanto aos metarrelatos universalistas, será inevitável o repensar o enquadramento metafísi­co de palavras‑sentimentos: “razão”, “sujeito”, “totalida­de”, “verdade” e “progresso”.  Por essa razão, se torna cada vez mais difícil existir lugares para os super-heróis com as superpropostas.
Se as sociedades continuarem seguindo o mesmo curso na ciência e na tecnologia, as relações de conhecimento, incluindo, especialmente, as éticas, ficarão entre o antagonismo entre dois outros mundos: o desenvolvido e os em desenvolvimento, separados pela produção tecnológica oriunda do trabalho sistemati­zado nos laboratórios de pesquisa.
 Se abordarmos a pós-modernidade da Medicina sob esse enfoque técnico‑científico, veremos com transparência que o pilar sustentador está fincado na aquisição de um saber que está substituindo os anteriores, a engenharia genética, vendido ou negado pelos países em desenvolvimento, de acordo com as conveniências político‑econômicas.
 Nesse complexo conjunto, a Medicina dos países desenvolvidos se afastou da classificação morfológica das doenças e está utilizando a engenharia genética na busca de soluções para os problemas de saúde, entre outras, câncer, doenças degenerativas e o envelhecimento.
 A Medicina dos subdesenvolvimentos ainda continua empenha­da no estudo da morfologia celular, sempre alte­rada pela desnutrição crônica e pelas doenças infecciosas que matam precocemente milhões de crianças por ano.
  A Medicina é na atualidade o trem caminhando veloz­mente em direção dos laboratórios de estudo do genoma humano, com a saúde e a doença sendo conduzidas à intimidade da estrutura molecular dos genes.
 As notícias sobre a engenharia genética são cada vez mais frequentes fazendo com que entre nas casas como o anúncio de qualquer outro produto de consumo. A mídia mostra com grande destaque uma grande colheita de grãos ou a cura de certa doença, antes não imaginadas, tudo graças às pesquisas reveladoras dos segredos dos genes.
 Hoje, mais do que nunca, é imperativo o repensar dos pressupostos teóricos da Medicina nesse novo contexto, mais especificamente depois da publicação dos trabalhos do pesquisador Susumu Tonegawa, Nobel de Medicina de 1987, esclarecendo muitas dúvidas de como se efetiva a defesa interna do corpo frente às bactérias. Ficou demonstrado que segmentos do material genético, componente a defesa inata, podem gerar novas sequências, capazes de iniciar a luta contra muitas doenças.
 Desse modo, é possível afirmar que parte da estrutura genética humana é plástica, capaz de desenvolver muitas combinações gênicas adaptativas às necessidades da vida. A partir desse pressuposto, ficou fácil demonstrar o que já faz parte do conhecimento historicamente acumulado: as pessoas subnutridas ja­mais terão defesa imunológica suficiente para enfrentar muitas doenças.

  A partir dessa abordagem pós‑moderna na Medicina caíram todos os pressupostos étnicos racistas, diferenciando grupos sociais mais inteligentes e mais fortes do que outros. Desse modo, a espécie humana é espetacularmente semelhante, independente da cor da pele e olhos, se alimentada com a quantidade necessária de proteínas.