Amigos do Fingidor

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Achei um pente



Pedro Lucas Lindoso

André Souza trabalha no Ministério do Turismo em Brasília. Conheceu Manaus em 2011 e encantou-se com a cidade. Hospeda-se sempre no centro e justifica:

– Há sempre algo de bom para se ver no Teatro Amazonas. O centro de Manaus é charmoso e deve ser melhorado e preservado. Os turistas agradecem.

Mas as viagens de André são sempre direcionadas para municípios do interior, não só do Amazonas, mas de todo o Brasil. Há um projeto antigo do ministério para apoio ao turismo nas pequenas cidades brasileiras. Deve-se apoiar as festas do interior para atrair mais e mais turistas.

No nosso estado, além do festival de Parintins, André já conheceu o Festival de Cirandas de Manacapuru, a Festa do Guaraná em Maués e muitas outras.  Em Barcelos, conhecida por suas belas praias de rio, André esteve no Festival do Peixe Ornamental, sempre nos meses de janeiro. Presidente Figueiredo, sede do ecoturismo da região, tem a Festa do Cupuaçu em novembro.

Perguntei a ele se o trabalho era só diversão. André me disse que visita os municípios para orientar e promover estratégias para melhorar o turismo.

– Às vezes a gente esbarra na comunicação. O Brasil é grande. Há expressões e falares diversos. Eu nem sempre sou compreendido. Muitas vezes não entendo o que o povo fala.

Disse ter vontade de ir a Itacoatiara para o Festival da Canção, em setembro. Ouviu falar que em Iranduba, aqui pertinho de Manaus, tem o Festival do Bodó com farinha, no mês de novembro.

Interessei-me em saber a questão da comunicação com o pessoal do interior. E ele me disse:

– Gosto de me reunir com o povo, líderes comunitários, gente da cidade que participa dos festivais, aqueles que ensaiam as danças. É uma experiência incrível. Até em Espanhol eu já me comuniquei. Em Atalaia do Norte, Município distante mais de mil quilômetros de Manaus, localizado no tríplice-fronteira com Colômbia e Peru, tem o interessante Jogos das Três Fronteiras. O evento é em dezembro.

Voltei ao assunto. Alguma coisa engraçada ocorreu nessas reuniões com o pessoal local?

– Várias. Quem não se comunica se trumbica. Fiz uma reunião com líderes de uma comunidade que organizavam a festa da padroeira. Havia muitas pessoas no evento. Ao final da reunião, perguntei a um dos participantes:

– O que o senhor achou?

– Achei um pente, me disse.