Amigos do Fingidor

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Há um rato em nossa casa



Pedro Lucas Lindoso


Há sempre um ar de sisudez e silêncio no Departamento Jurídico de uma grande empresa do Distrito Industrial. De repente, chega Dra. Ruth, advogada e esposa do gerente jurídico e desabafa:
– Há um enorme rato alojado na cozinha de nossa casa. Ninguém consegue matá-lo.
Dra. Ruth e Dr. Mauro vivem em um sofisticado condomínio com um dos maiores IDH (índice de desenvolvimento humano) de Manaus e quiçá do planeta. A propriedade é mensalmente objeto de eficiente sistema de desratização. Assim, a presença do ratão foi considerado um grande mistério.
Suspeita-se que o ardiloso, guloso, atrevido, perspicaz, estrategista e folgado roedor chegou à mansão na aparelhagem de um buffet de pizzas. Mas não há provas.
O fato é que no domingo o ratão deu o ar da graça. Apareceu na lavanderia. Depois sumiu. Novamente começa a deixar vários vestígios de que havia se alimentado fartamente. Vestígios encontrados na sala e em um dos quartos e principalmente na área da cozinha. O pânico se instala.
Finalmente, Dr. Mauro localizou o intruso roedor na área da cozinha. Começou aí uma guerra, à la Tom e Jerry, entre Dr. Mauro e o “big rat”. Sim, porque “mouse” é denominação de pequeno roedor. Aquilo é o que os americanos definem como “rat a large long-tailed rodent
Dr. Mauro armou as seguintes estratégias para eliminar o “big rat”. 1 – Trancou as portas da cozinha. 2 – Instalou uma babá eletrônica para vigiar o ratão. 3 – Armou ratoeiras e armadilhas de acordo com  sites da internet.
Espantou-se com a enorme variedade de sugestões de ratoeiras: ratoeira de pet, ratoeira elétrica, ratoeira americana, ratoeira adesiva de papel, repelente de ratos ultrassônico, ratoeira clássica e uma interessantíssima armadilha com balde. Optou por instalar as duas últimas.
Passou o feriado de segunda-feira monitorando o ratão, pela câmara da babá eletrônica. O big rat conseguiu pegar a isca da ratoeira clássica e sair ileso. Subiu no balde, comeu a isca e não se afogou. Mauro sentiu-se o próprio gato Tom, caçando o rato Jerry.
No dia seguinte foram contratadas duas firmas de desratização. Tudo em vão. À tarde, um funcionário do condomínio conseguiu finalmente capturar o ratão.
A boa notícia chegou ao casal pelo WhatsApp. Com foto e tudo. Finalmente. o casal de “advogatos” pode relaxar e fazer seus recursos jurídicos e pareceres com tranquilidade.