Amigos do Fingidor

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Carrossel da saudade



Paulo Sérgio Medeiros

Reunir com amigos de fé tem o poder de rejuvenescimento. Seja qual for o lugar escolhido para o encontro, ele logo vira o nosso playground cujo brinquedo favorito são as palavras. Fazemos delas a gangorra de nossas piadas, a cama elástica de nossas canções favoritas, o gira-gira de nossas vidas, o escorregador de nossas dores.
No playground dos quarentões é o carrossel da saudade que nos reúne em qualquer esquina, em qualquer praça, em qualquer terreiro, seja ele de terra batida ou de porcelanato esmaltado, seja o encontro regado a coxinha ou lasanha, guri-cola ou coca-cola, sangue de boi ou um bom vinho chileno, o importante é o reencontro, o abraço caloroso, o beijo carregado de carinho, a sinergia, e principalmente a admiração que um tem pelo o outro.

Acordo tácito de nossas reuniões itinerantes: entrar sem a pressa e a caretice da vida adulta. O barato do playground é a perda da noção do tempo. Investir em memória exige desapego. É um ingresso que custa caro, mas vale a pena. E encontrar com esse povo sempre vale a pena. Às vezes, é rápido como um rato que atravessa a sala, porém é gostoso como todas as outras vezes. Volto para casa rejuvenescido. Sempre.