Paulo Sérgio Medeiros
Reunir com amigos de fé
tem o poder de rejuvenescimento. Seja qual for o lugar escolhido para o
encontro, ele logo vira o nosso playground
cujo brinquedo favorito são as palavras. Fazemos delas a gangorra de nossas piadas,
a cama elástica de nossas canções favoritas, o gira-gira de nossas vidas, o
escorregador de nossas dores.
No playground dos quarentões é o carrossel da saudade que nos reúne em
qualquer esquina, em qualquer praça, em qualquer terreiro, seja ele de terra
batida ou de porcelanato esmaltado, seja o encontro regado a coxinha ou lasanha,
guri-cola ou coca-cola, sangue de boi ou um bom vinho chileno, o importante é o
reencontro, o abraço caloroso, o beijo carregado de carinho, a sinergia, e
principalmente a admiração que um tem pelo o outro.
Acordo tácito de nossas
reuniões itinerantes: entrar sem a pressa e a caretice da vida adulta. O barato
do playground é a perda da noção do
tempo. Investir em memória exige desapego. É um ingresso que custa caro, mas
vale a pena. E encontrar com esse povo sempre vale a pena. Às vezes, é rápido
como um rato que atravessa a sala, porém é gostoso como todas as outras vezes.
Volto para casa rejuvenescido. Sempre.