Pedro Lucas Lindoso
Recebi um telefonema de tia
Idalina. Estava aos prantos. Dizia não aguentar mais essa situação de crise e
com o país dividido. Idalina tem um grupo no whatsapp – “chez-Idalina”. O grupo
é composto pelos diversos sobrinhos e sobrinhas de Idalina. Tanto os do Rio
como os de Manaus.
Ocorre que ela tem dois
sobrinhos que tem posições políticas diametralmente opostas. Um deles postou
algo que não agradou, o que o outro respondeu:
– Se eu concordasse com você,
ambos estaríamos totalmente errados.
Idalina não sabe explicar se
foi a sutileza da resposta ou se os ânimos estavam mesmo muito exaltados, o
fato é que o rapaz saiu do grupo.
Não se conformando com a saída
do whatsapp do tal sobrinho, pediu a todos que evitassem disputas e postagens
políticas no chez-Idalina. Explicou-lhes que ela mesma estava sempre indecisa.
Porém agora não tinha certeza de mais nada.
Como estamos em preparação
para o Festival Folclórico de Parintins, pediu aos sobrinhos que se detivessem
tão somente as disputas bovinas. Com relação à politica, conclamou a todos a se
perdoarem 70 vezes 7 e a não guardar rancor.
Obviamente na disputa bovina há
os que torcem pelo Caprichoso, cor azul. E há os que torcem pelo Garantido, cor
vermelha. As disputas entre os dois grupos de sobrinhos meio cariocas meio
amazonenses sempre foi bastante saudável. Nunca houve problemas.
Idalina está contente porque esse ano o
início do festival vai coincidir com o dia de São João. Ou seja, começa na
sexta, dia 24 de junho. Todos estarão chez Idalina.
Há vários anos titia arma uma
pequena arena no “play” (assim os cariocas chamam salão de festas). É uma
verdadeira festa junina amazonense. Tacacá, bolo podre, banana frita, mugunzá e
um delicioso aluá, que só ela tem a receita.
De um lado ficam os sobrinhos
do Garantido, cor vermelha. Do outro ficam os do Caprichoso, cor azul.
Idalina se diz garanchosa.
Veste-se de calça azul e camisa vermelha. E se diverte.