Jorge Tufic
Espécies
ou composições poéticas
Conhecer,
reconhecer, reestudar ou simplesmente recorrer ao que antes denominou-se de
normas – pois esse conhecimento ainda não foi de todo ultrapassado –, tem sido
uma vantagem a mais para os que se dedicam à poesia. Como já é consabido, Ezra
Pound esclarece que a literatura tem sido criada pelas seguintes classes de
pessoas: 1. Os inventores: homens que
descobriram um novo processo ou cuja obra nos dá o primeiro exemplo conhecido
de um processo. 2. Os mestres: homens
que combinaram um certo número de tais processos e que os usaram tão bem ou
melhor que os inventores. 3. Os diluidores:
homens que vieram depois das duas primeiras classes e não foram capazes de
realizar tão bem o seu trabalho. Assim, conclui-se que o razoável conhecimento
das normas pode não levar a nada; mas o total desconhecimento delas, pode levar
a um desastre. Isto porque todos, ou quase todos aqueles “processos” de que nos
fala o Poeta, dependeram ou serviram de normas para algum outro processo. No
ABC da literatura, portanto, as exclusões podem, também, vedar caminhos.
Por
conseguinte, o desfile de “palavrões” alusivos às inúmeras espécies de
composição poética, desde as mais antigas às mais novas e novíssimas, nos dará,
certamente, uma impressão mais estável e mais completa acerca do fazer em
poesia, permitindo-nos uma leitura das várias fases da História, durante as
quais a Arte Poética fez valer o primado da sensibilidade estética sobre todas
as formas e sistemas de poder temporal. A teoria fundamenta as audácias da prática,
é nisto que reside, primordialmente, um dos motores que impulsionam a linguagem
dos símbolos.
Entre
o mais e o menos, fica precisamente em 136 o número de espécies ou composições
poéticas, ou sejam: o ABECEDÁRIO, o ACRÓSTICO, a ALBA, o ALVORADA, a BALADA, a
BARCAROLA, o BEIRA-MAR, o BESTIALÓGICO, os CALIGRAMAS, a CANÇÃO REDONDA, as
CANÇÕES DE GESTA, a CAÇONETA, a CANTATA, as CANTIGAS, a CANTILENA, o CANTO, o
CANTO REAL, a CANTORIA, o CENTÃO, a LOA, o LUGAR-COMUM, o MADRIGAL, o MARTELO,
a MESTRIA, o MOIRÃO, o MOTETO, a MUAXAHA, a NÊNIA, a ODE, o OITEIRO, o
OVILEJO, a PALINÓDIA, o PANTUM, a PARÁBOLA, o PARALELISMO, a PARLENDA, o PARTIMEN, o PASTICHO, a
PASTORELA, a PELEJA, o POEMA (tem esse título qualquer composição literária com
valor poético), o POEMA-COISA, o POEMA FIGURATIVO, o POEMA PIADA, o POEMA
TÍTULO, a CIRCUNSTÂNCIA, a COPLA, a COROA DE SONETOS, o CRONOGRAMA, a DANÇA, o
DEBATE, a DÉCIMA, o DESAFIO, o DESCORDO, a DESPEDIDA, o DÍSTICO, o DITIRAMBO, a
ÉCLOGA, a ELEGIA, a EMBOLADA, o ENDECHO, o ENGAJADO, as ENSALADAS, o EPICÉDIO,
o EPIGRAMA, o EPINÍCIO, o EPITALÂMIO, a EPOPÉIA, o ESONDIG, a ESPARSA, a
ESPINELA, a FÁBULA, a FATRASIA, o GABINETE, a GAITA GALEGA, o GALOPE, o GAZAL,
o GENETÍLICO, as GESTAS, a GLOSA, a GNÔMICA, os GOLIARDOS, o HAICAI, O HINO, o
IDEOGRAMA, o IDÍLIO, o ISOSTRÓFICO, a JANEIRA, o JOCA MONACHORUM, os JOGOS
FLORAIS, o JOGUETE D’ARTEIRO, o LAI, o LAMENTO, o LEIXA PREN, as LETRILHAS, o
LIED, o PRANTO, a PRECE, o QUADRÃO, a RETRONCHA, o ROMANCE, O RONDEL, o RUBAI,
a SÁTIRA, a SEXTINA, a SILVA, o SONETO, a TANCA, o TENÇÃO, a TERÇA RIMA, o
TESTAMENTO, a TOADA, o VERS, o VILANCETE, a VILANELA, o VIRELAI, a XÁCARA, o
ZÉJEL, e a “tiara de sonetos”, de Max Carpenthier.