Jorge Tufic
CANTO REAL - Composição poética de
FORMA FIXA, certamente oriunda da BALADA, o chant
royal francês consta de cinco ESTROFES
e um ENVIO (às vezes apresentado como OFERTA), tendo cada estrofe
normalmente onze VERSOS, cinco ou seis o ENVIO; as ESTROFES são UNÍSSONAS, isto
é, rimam todas segundo o mesmo esquema, parcialmente repetido no ENVIO, feito
de acordo com a parte final delas. Tanto nas ESTROFES como no ENVIO, o último
VERSO é sempre o mesmo, a exemplo do que sucede na BALADA (“PEQUENO DICIONÁRIO
DE ARTE POÉTICA”, Geir Campos, idem). Só que não pudemos aproveitar, neste
lance, o “Canto Real do poeta””, do “Livro Bom”, de Goulart de Andrade,
transformado, porém, numa paródia idealizada por um grupo de “alunos”, sob o
título “Balada Perdida”:
Na sarjeta de um velho povoado,
há um pobre lavrador fitando o céu:mais parece um rochedo desabado,
ao mundo opondo o triste fardo seu!
Tenta erguer-se, não pode; é fantasia
pensar que alguém lhe ajude, e desafiaao próprio Deus, com nojo e desamor...
Dá-lhe ódio, inclusive, o fraudador
da Previdência-mãe da Sinecura,
porém, desiludido, lavra a dor,
antes que baixe logo à cova escura.
Imagina, contudo, deslumbrado,
ser feliz de repente, ter chapéu
novo, roupa nova, e assim, casado
ao sonho azul de simples tabaréu,
vibrar, de passarinho, à luz do dia,
sentir o gozo, inflar-se de alegria,
lutar pela justiça e em seu louvor,
tornar-se da miséria um vingador,
indo além dos limites da loucura...
Porém, dorme de vez o Campeador,
antes que baixe logo à cova escura!
etc. etc. etc.
OFERTA
Pobre, que tanto gastas teu ardor
nesse delírio desesperador,pega em vez disso em armas; e na dura
competição, redime a tua dor,
antes que baixe logo à cova escura!