Amigos do Fingidor

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Platônica V


Tainá Vieira  
 

Outro dia lembrava-me de ti. Aliás, tu sabes que lembro sempre. Fiquei a pensar nas adversidades que a vida nos apresenta. São tantos os contrastes, são tantas as utopias... e poucos os sonhos realizados. Outro dia estive em Santiago do Chile, estava turistando por lá. Encantei-me com aquele povo, aquela cultura. Uma cidade grande, limpa e bela. E logo em seguida, parti para a minha cidade natal. Uma cidade pequena, suja e feia... isso graças a incompetência dos governantes de lá. Mas o meu refúgio mesmo, foi o sítio dos meus pais. Um lugar tão simples e humilde, tão distante de tudo, que parece nem pertencer a este mundo. Nesses dias de refúgio, esqueci-me de todas as outras coisas da minha vida, de todos os lugares em que já andei, de todas as pessoas que conheço. Entreguei-me ao nada e não fiz nada. Mas de uma coisa eu não me esqueci. De ti.  Foi a parti daí que pude pensar na vida de um jeito diferente. Pois estava só, pelo menos era como eu me sentia. E às vezes era tão bom estar só. Livre, dona de mim, dona do meu destino. Eu descobri que a solidão não é algo monstruoso, não para mim, e pude ter a certeza de que para ti também não era. Às vezes isolava-me dos demais e ficava só, podia ouvir a minha respiração, o pulsar do meu coração, ouvia o silencio do nada, fechava os olhos e pensava em nada e quando os abria, pensava em ti. Em ti, que estás sempre comigo, entranhado na essência de eu existir. Foram dias de solidão agradável e quando queria uma companhia, te buscava nas lembranças. E hoje, Luiz, mais do que nunca te entendo, pois eu também gosto da solidão.