Amigos do Fingidor

segunda-feira, 10 de março de 2014

Da verdade do amor



                                                                                                 Tainá Vieira


Arthur Schopenhauer foi o mais sábio de todos os filósofos e o mais feliz dos humanos, por não permitir que o amor lhe tirasse a razão. O amor é o mais cruel de todos os sentimentos, não é o mais bonito como todos dizem, não é sublime e nem sereno. Quem espalha essa ideia nunca amou alguém de verdade. “É fogo que arde, é ferida que dói”. É tudo isso e muito mais. Por amor nos sujeitamos a tudo, abandonamos nossos gostos, perdemos nossos direitos, esquecemos a nossa vida e passamos a viver a vida do outro. O amor não deixa cego e nem surdo, muito pelo contrário, o amor te faz enxergar e ouvir tudo, principalmente o que é errado, mas por amor, você finge que não vê e nem ouve nada.  Seria o amor belo assim? Mas o que é belo? Há beleza num relacionamento onde um manda e o outro obedece, há beleza nas lágrimas de um enquanto outro sorri. Isso é belo? Não, não é, no entanto, isso é o amor. Desse jeito que toma pra si a sua vida, lhe tira o direito de fazer escolhas, lhe submete a coisas horrendas, coisas desprezíveis, o amor escraviza. Não há nada pior do que ser escravo do amor. Como podem, os humanos afirmarem que o amor é benigno? Não, o amor é maldito, o amor é uma enfermidade sem cura, é uma peste que contamina a quem dele se aproximar. Dizer “eu te amo” para uma pessoa, é dizer “eu não existo” para si mesmo. Pois esse Eu vai desfalecendo aos pouco, vai entranhando no outro e logo torna-se uma molécula no corpo daquele que irá te dominar.  No amor não há trocas, não há dialogo, não há cumplicidade, pois o amor é egoísta, ele permite que seja feita apenas a vontade de um. O outro é apenas um recipiente onde ficam guardados os dejetos extraídos do amor.

O amor é o responsável por todas as atrocidades do mundo, o amor é a causa da existência da humanidade. Me contaram que o mundo começou com um homem e uma mulher, e do amor que sentiam um pelo outro a vida foi se multiplicando, depois foi triplicando e triplicando até que um dia eu nasci, nasci do amor e passado mais um tempo, fui contaminada por esse mal, o amor.  E de mim, se eu seguisse a regra, era para continuar com a expansão do amor. Acontece que eu fui escolhida para o sacrifício. Fui escolhida para que o amor chegasse ao fim, não mais continuasse, não recebi permissão para guardar em minhas entranhas a essência da multiplicação do amor.  Quando perguntei porque tinha sido eu a escolhida, responderam-me que o amor estava cansado. Cansado? E ele não é conhecido como o senhor dos sentimentos, como um deus? Porque deixaria sua essência esvair-se repentinamente, porque deixaria de existir?! Ninguém me respondeu.


Então, é assim o amor? O mocinho que seduz, conquista e depois tira sua máscara e mostra-se um vilão sem dó e piedade. O amor nada mais é do que uma simples ilusão! E onde fica ou para onde vão os versos daqueles poetas que cantaram o amor em seus poemas? Bobagem! Todos foram ou são escravos do amor! Eles escreveram seus versos com um chicote nas costas, foram obrigados, foram sim obrigados, como um escravo qualquer que é obrigado a cumprir suas tarefas. E o amor nos romances? Ora, ora e já não é sabido que romance é ficção, porque o amor no romance seria verdadeiro? É tudo ilusão! Então para quer exaltar algo que não lhe beneficia, algo que só lhe faz mal. Amar o amor, é o mesmo que ser discípulo de Deus ou Demônio: alguém já os viu, já trocou uma ideia sincera com eles?! Ah, esse negócio de sentir é conversa. Eu sinto dores de cabeça e de dente, seria a dor um deus também?! Se fosse seria a rainha de todos os sentimentos, pois a dor esta a cima de qualquer outro sentimento ou sensação que mexa com a alma e com o corpo. E o amor onde é que fica nessa história? Nos versos forçados dos poetas e nos corações feridos e apodrecidos dos humanos que se deixam enganar pelo amor!