Amigos do Fingidor

terça-feira, 1 de abril de 2014

Da admiração pelos sábios – Thiago de Melo


                                                                                                                    Tainá Vieira

Admirar, respeitar uma pessoa, seja ela mais velha ou mais nova do que você, é naturalmente normal. Acredito que todo ser humano tem como exemplo muitos ídolos ou espelhos, como preferirem, leitores, para guiar-se, para seguir. Já ouvi muitas pessoas dizerem “quando crescer quero ser como fulano de tal”. Eu muitas vezes já disse isso. Se fosse homem eu queria ser como Luiz Bacellar, como sou mulher, quero ser como Vânia Pimentel. No entanto, é tão difícil ser igual ou parecido como uma outra pessoa, o que nos resta fazer é assimilar os exemplos de cada pessoa querida e tentar formular a nossa própria personalidade, pois é fato que não sobrevivemos sozinhos e quanto mais aprendermos, mais andarmos nas boas companhias, muitos mais ganharemos. Conheço inúmeras pessoas, que os denomino como sábios, com essas pessoas eu sempre aprendo alguma coisa: nada, nem um aperto de mão é em vão.

Imagina se seria em vão uma conversa com Thiago de Melo. Só um louco para dizer isso. Eu já o presenciei falando, declamando, várias vezes, e, até já conversei com ele algumas vezes, e confesso que toda vez que falo com ele, eu me perco, pois não sei como agir, a admiração e o respeito que ele merece é maior do que qualquer palavra. Não é medo que sinto, é uma mistura de coisas, é como se ele fosse inalcançável para uma conversa com um leitor seu. Ele tem o hábito de olhar nos olhos da pessoa com quem está conversando, como se estivesse lendo o pensamento e vendo se essa pessoa está realmente lhe ouvindo, prestando atenção nas suas palavras.

E isso é algo bom, o autor não olha para o seu leitor com inferioridade, não o diminui, ele faz com que a pessoa se sinta maior, mesmo sabendo que ela não é. E eu acredito que o olhar nos olhos das pessoas, do Thiago, seja algo natural. Sim pois, vejamos. Olhar é o que marca, é o que diz tudo sobre uma pessoa, ou tudo sobre o que essa pessoa faz. Ninguém acredita num médico que receita remédios ou exames a um paciente sem examiná-lo. E há muitos desses médicos por aí, basta chegarmos a eles e apenas falarmos o que estamos sentindo e nem sequer nos olha, vai logo fazendo a receita ou prescrevendo o exame.  Isso é fato do cotidiano, isso é uma atrocidade e desrespeito com a vida.

Mas eu falava do poeta Thiago de Melo, que escreveu o Estatutos do Homem e muitos outros poemas que marcaram a vida e a história de milhares de pessoas. Eu falava do poeta de um país chamado Amazônia, que fez dos rios, da fauna, da flora e da vida, inspiração para seus versos mais belos.  Artigo 3, fica decretado que, a partir deste instante, haverá girassóis em todas as janelas, que os girassóis terão direito a abrir-se dentro da sombra; e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro, abertas para o verde onde cresce a esperança. Imaginem, esses versos foram escritos há cinquenta anos. Daqui a cem anos eles permanecerão tão atuais como hoje. Porque sempre haverá girassóis para abrir-se; sempre haverá janelas para abrir-se e por toda a eternidade a esperança insistirá em crescer nos corações de muitas e muitas gerações. Thiago é um homem que conhece o coração do homem, que tem um coração de 88 anos de idade, mas que bate com a força de um menino de 8 anos, que tem nos sonhos a vontade de mudar o mundo, que tem na alma a sensibilidade e a ternura que a humanidade perdeu há muito tempo. Ele é como se fosse um menino, daquele que não se diz herói, daquele que não precisa fantasiar-se com roupas de super-heróis, e sim aquele menino que aprendeu desde cedo que o amor ao próximo, ao seu irmão, é mais importante do que qualquer coisa, se ele não tivesse aprendido isso, não cantaria em seus versos para muitas pessoas. É um homem que faz da palavra uma arma contra os dissabores do mundo, pode-se comprovar isso no poema Canção para os fonemas da alegria, é uma prece sobre o ato de ensinar e aprender.  Thiago é um poeta que faz do seu oficio de escrever a maior de todas as artes.

É por isso, que o admiro, que o reverencio como poeta, como homem, como se fosse irmão, pois ele, ao olhar nos olhos das pessoas, permite que nos tornemos seres humanos capazes de lutar não só pela nossa vida, mas pela vida de outras pessoas. E como podemos fazer isso? Perguntam vocês, leitores. E eu lhes digo, certa vez, quando Thiago de Melo foi convidado a falar para alunos de um curso preparatório para o vestibular, e eu era uma dessas alunas, ele disse-nos o que já tinha dito a tantos outros alunos, ele falava de transformar o mundo com poesia, com a palavra.  E sempre os alunos perguntavam como era possível mudar o mundo com isso, e ele sempre respondia que a poesia muda as pessoas e as pessoas mudam o mundo.  E isso é fato. Tanto é que estou aqui, falando sobre um dos mais brilhantes poetas do universo, e tenho, assim como milhares de pessoas, sua poesia como oração nossa de cada dia.