Amigos do Fingidor

terça-feira, 8 de abril de 2014

Edifício Marquês de Sade


No livro Edifício Marquês de Sade, o escritor amazonense Tenório Telles estreia no universo dos contos eróticos. Ele é organizador da obra, junto com os paulistas Roberto Fabra e Daniel Vas, e também assina dois textos: “A sétima lua cheia” e “Os peitos de mamãe”. 

A obra é resultado de uma oficina de criação literária que Tenório participou em São Paulo. “O livro é fruto de um trabalho que participei sob orientação do escritor Marcelino Freire que promove anualmente uma oficina de criação literária com ênfase no conto. Uma das atividades práticas foi criar contos com temática erótica. Ao final, nós fizemos uma seleção com os melhores textos e dessa seleção resultou o livro”, comenta.

Conhecido por seu trabalho com a poesia, Tenório conta como foi a experiência nesse novo gênero: “Eu já havia escrito alguns contos como exercício mesmo, mas a minha relação de criação literária é com a poesia. Não tinha pretensão de escrever ficção e, sim, meus ensaios e textos para o teatro. Mas com essa experiência me senti estimulado. Foi  um bom exercício até de sutileza porque ao escrever um conto erótico, você corre o risco, se não souber dosar, de descambar para a vulgaridade, para a pornografia. É um exercício de contenção”, pontua.

O escritor adianta que está escrevendo novos textos do gênero para, em breve, publicar.

“Já penso em publicar um livro só com textos eróticos. Já estou escrevendo. É uma experiência libertadora. As pessoas têm muitos pudores, ficam constrangidas de falar sobre sexualidade. Isso é uma grande bobagem porque a sexualidade é inerente à vida”.

Sobre a obra

Edifício Marquês de Sade (o título já acende a nossa curiosidade) traz, na sua apresentação, o seguinte parágrafo: “Pode entrar. No Edifício Marquês de Sade, são bem-vindos todos os gêneros, credos, medos, arroubos. Venha você de onde for. E parta para onde quiser. Quem chega aqui só não consegue sair igual ao que entrou”

A porta do Edifício encontra-se aberta, aliás, escancarada. O anunciante do convite diz que todos são convidados, mas, pergunto-me: Todos mesmo? Ou somente os de “passos mansos”, os “sem pudor”, os “poucos com maldade”, os “todos sem saciedade”?

A resposta às questões só poderá ser encontrada se entrarmos no Edifício Marquês de Sade; quando nos ambientamos nos seus quartos ou olhamos para além das suas janelas; quando, na imaginação, construímos a sala, com um piano, diante dele um pianista sem rosto, num restaurante vazio. A ideia do Edifício começa, então, a ser nítida.

No Edifício, vivem-se sentimentos, insinuam-se queixas, lamentos e situações doces e, ao mesmo tempo, caóticas, por serem esperas desesperançadas, por serem, apenas, memórias, coisas do inconsciente, aparentemente sem nexo ou importância. Mas também dores e sentimentos reais: abandono, sofreguidão, esperança e amor.

O Edifício alardeia um fogaréu. É Cecília, a esposa dedicada de um grande investidor, num dos seus atendimentos em horário comercial. E... por aí vai... até os contos finais, que se fecham em “A sétima lua cheia”, que tem Morgana (a fantasia, o júbilo, a artimanha e o ardil) como protagonista. Não seria o Edifício Marquês de Sade se não entrelaçasse a loucura, a fantasia, a virgindade, a prostituição, a beleza e o torpor espelhados pela Sétima Lua Cheia sobre finos lençóis de linho.

 

Evento: Lançamento de livro

Título: Edifício Marquês de Sade

Organizadores: Tenório Telles, Roberto Fabra e Daniel Vas

Data: 12 de abril de 2014 (sábado)

Horário: 10h

Local: Livraria Valer - Avenida Ramos Ferreira, 1195 ─ Centro