No livro Edifício Marquês de Sade, o escritor
amazonense Tenório Telles estreia no universo dos contos eróticos. Ele é
organizador da obra, junto com os paulistas Roberto Fabra e Daniel Vas, e
também assina dois textos: “A sétima lua cheia” e “Os peitos de mamãe”.
A obra é resultado de
uma oficina de criação literária que Tenório participou em São Paulo. “O livro
é fruto de um trabalho que participei sob orientação do escritor Marcelino
Freire que promove anualmente uma oficina de criação literária com ênfase no conto.
Uma das atividades práticas foi criar contos com temática erótica. Ao final,
nós fizemos uma seleção com os melhores textos e dessa seleção resultou o livro”,
comenta.
Conhecido por seu trabalho com a poesia, Tenório conta como foi a
experiência nesse novo gênero: “Eu já havia escrito alguns contos como
exercício mesmo, mas a minha relação de criação literária é com a poesia. Não
tinha pretensão de escrever ficção e, sim, meus ensaios e textos para o teatro.
Mas com essa experiência me senti estimulado. Foi um bom exercício até de sutileza porque ao escrever
um conto erótico, você corre o risco, se não souber dosar, de descambar para a vulgaridade,
para a pornografia. É um exercício de contenção”, pontua.
O escritor adianta que está escrevendo novos textos do gênero para, em
breve, publicar.
“Já penso em publicar um livro só com textos eróticos. Já estou
escrevendo. É uma experiência libertadora. As pessoas têm muitos pudores, ficam
constrangidas de falar sobre sexualidade. Isso é uma grande bobagem porque a
sexualidade é inerente à vida”.
Sobre
a obra
Edifício
Marquês de Sade (o título já acende a nossa curiosidade)
traz, na sua apresentação, o seguinte parágrafo: “Pode entrar. No Edifício Marquês de Sade, são bem-vindos
todos os gêneros, credos, medos, arroubos. Venha você de onde for. E parta para
onde quiser. Quem chega aqui só não consegue sair igual ao que entrou”
A porta do Edifício encontra-se aberta, aliás,
escancarada. O anunciante do convite diz que todos são convidados, mas,
pergunto-me: Todos mesmo? Ou somente os de “passos mansos”, os “sem pudor”, os
“poucos com maldade”, os “todos sem saciedade”?
A resposta às questões
só poderá ser encontrada se entrarmos no Edifício
Marquês de Sade; quando nos ambientamos nos seus quartos ou olhamos para
além das suas janelas; quando, na imaginação, construímos a sala, com um piano,
diante dele um pianista sem rosto, num restaurante vazio. A ideia do Edifício começa, então, a ser nítida.
No Edifício, vivem-se sentimentos, insinuam-se queixas, lamentos e
situações doces e, ao mesmo tempo, caóticas, por serem esperas desesperançadas,
por serem, apenas, memórias, coisas do inconsciente, aparentemente sem nexo ou
importância. Mas também dores e sentimentos reais: abandono, sofreguidão,
esperança e amor.
O Edifício alardeia um fogaréu. É Cecília, a esposa dedicada de um
grande investidor, num dos seus atendimentos em horário comercial. E... por aí
vai... até os contos finais, que se fecham em “A sétima lua cheia”, que tem
Morgana (a fantasia, o júbilo, a artimanha e o ardil) como protagonista. Não
seria o Edifício Marquês de Sade se
não entrelaçasse a loucura, a fantasia, a virgindade, a prostituição, a beleza
e o torpor espelhados pela Sétima Lua
Cheia sobre finos lençóis de linho.
Evento: Lançamento de livro
Título: Edifício Marquês
de Sade
Organizadores: Tenório Telles, Roberto Fabra e
Daniel Vas
Data: 12 de
abril de 2014 (sábado)
Horário:
10h
Local: Livraria Valer - Avenida
Ramos Ferreira, 1195 ─ Centro