Pedro Lucas Lindoso
Estamos na época do Advento.
Época de esperar a vinda do Menino Deus e meditar sobre o que aconteceu no ano
que finda.
Houve coisas boas e coisa
ruins. Quando menino gostava muito de tomar banhos de chuva. Não havia perigo.
Morava no Centro. Não havia bueiros “boca de lobo” nas ruas. Uma notícia no jornal me chocou tremendamente.
Foi no mês de abril. Abril, chuvas mil.
Um menino chamado
Andrezinho, de seis anos de idade, foi tragado por um bueiro. Encontrado morto.
Andrezinho desapareceu após cair numa “boca de lobo” que deságua em um igarapé
na Rua Perimetral, no bairro Amazonino Mendes, também chamado de Mutirão, na Zona
Norte, aqui em Manaus. Descobriu-se que ele não existia. Não tinha certidão de
nascimento. Não frequentava a escola. Filho adotivo de pais separados. Seu corpo
ficou insepulto por um mês. Até regularizarem tudo.
Sei de outro menino da idade
de Andrezinho que mora em Brasília e provavelmente não toma banhos de chuvas.
Tem certidão de nascimento e também cédula de identidade. Tem CPF e tem
passaporte. Diplomático. E frequenta uma excelente escola. Particular.
Há mais de dois mil anos
atrás nasceu o Menino Deus. Nessa época já registravam as pessoas. Pelo menos
havia recenseamentos. José e Maria, seus pais, viajavam para Belém da Judeia, onde
José deveria se apresentar às autoridades censitárias da época.
Segundo Lucas,
o imperador Augusto decretou que todo mundo tinha de se registrar no local
onde nasceu. Como José era descendente da família do Rei David, saiu para
Belém com a mulher grávida. A família morava em Nazareth.
Esse Menino Deus veio para
nos salvar. Teve oportunidade de estudar. Assombrava a todos no templo, com sua
inteligência e sabedoria. Provavelmente, tomava banhos de chuva no rio Jordão.
O Menino Deus renasce todo ano pelo Natal. Renova as nossas esperanças. O
advento é tempo de conversão. É tempo de alegria. De júbilo.
Neste ano, rogo ao Menino
Deus para que todos os meninos do Amazonas e do Brasil possam ter um registro
civil. E possam também frequentar uma boa escola. E que possam tomar banhos de
chuva com tranquilidade.