Pedro Lucas Lindoso
Visitamos Curaçao. A ilha faz parte das antigas Antilhas
Holandesas. O passeio valeu a pena. A arquitetura colonial restaurada é de um
colorido vibrante e charmoso. Faz inveja aos amazonenses como eu, que sonham
com um restauro efetivo de nosso centro histórico. Bem que poderíamos resgatar
a Manaus da Belle Époque, tempos em que a libra esterlina era moeda corrente na
cidade.
Há ainda as praias paradisíacas e inabitadas como Klein
Curaçao. Visitá-la implica em enfrentar por quase duas horas as ondas do Mar do
Caribe. O retorno a Curaçao é suave, com a corrente favorável e a sensação
agradável de ter conhecido um mar do mais profundo e enigmático azul.
A língua oficial em Curaçao é o Holandês, mas todos falam
Inglês. Entretanto, a língua que se ouve nas ruas, no meio do povo, nos
mercados e entre a população local é o Papiamento. Uma mistura de Português com
Espanhol e com traços de Inglês, Holandês e Francês.
Papiamento era um dialeto. Hoje tem status de idioma e
juntamente com o holandês é também língua oficial. As crianças são ensinadas em
ambas com a introdução do Papiamento nas escolas públicas. Alguns são contra
outros favoráveis. O ensino do inglês e do espanhol também é obrigatório.
A ilha é uma mini Babel. Ouve-se de tudo nas ruas. Inclusive
mandarim. Mas a sonoridade do Papiamento me encantava e comecei a fazer
anotações: “bôn dia”; “bôn tarde” bôn nochi” nos é familiar. E danki? Nem
tanto, mas e a resposta “Di nada!
“Dushi” significa querido e amor. É palavra popular em
Curaçao. Significa também tudo de bom, legal e gostoso.
– “Kon ta bai?” A
resposta é fácil. – “Mi ta bon “. – “Kon ta bo nomber?” – “Mi nomber ta Pedro.”
Penso que bastaria um mês por lá para dominar o Papiamento.
Sem falsa modéstia, tenho certa facilidade para línguas. Sou fluente em inglês,
francês e italiano. Não falo holandês
nem alemão. Mas entendo e leio um pouquinho. Os outdoors e placas da ilha são
ora em holandês e Papiamento, ora em Inglês ou em ambas. Uma deliciosa
miscelânea linguística!
E claro há restaurante de toda parte e para todo gosto.
Entramos numa simpática trattoria – Il Barile Da Mario. Comida deliciosa. Na mesa
ao lado sentou-se um simpático casal de italianos, Santo e Simonetta, moradores
da vizinha Ilha de Bonaire. Disseram-me que os italianos eram raríssimos no
caribe holandês. Um agradável e informativo papo com o casal e a dona do
“ristorante”, Mirty Rossi, esposa do chef Mario que depois se juntou a nós na
conversa.
Jamais havia sido exposto à tanta diversidade linguística em
tão pouco tempo. Para mim foi uma experiência fantástica.
Ah! Antes que eu esqueça: FELIZ NATAL! em Papiamento se diz:
BÔN PASKU ! Y BÔN ANJA NOBO!