Amigos do Fingidor

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Bôn Pasku!



Pedro Lucas Lindoso

Visitamos Curaçao. A ilha faz parte das antigas Antilhas Holandesas. O passeio valeu a pena. A arquitetura colonial restaurada é de um colorido vibrante e charmoso. Faz inveja aos amazonenses como eu, que sonham com um restauro efetivo de nosso centro histórico. Bem que poderíamos resgatar a Manaus da Belle Époque, tempos em que a libra esterlina era moeda corrente na cidade.
Há ainda as praias paradisíacas e inabitadas como Klein Curaçao. Visitá-la implica em enfrentar por quase duas horas as ondas do Mar do Caribe. O retorno a Curaçao é suave, com a corrente favorável e a sensação agradável de ter conhecido um mar do mais profundo e enigmático azul.
A língua oficial em Curaçao é o Holandês, mas todos falam Inglês. Entretanto, a língua que se ouve nas ruas, no meio do povo, nos mercados e entre a população local é o Papiamento. Uma mistura de Português com Espanhol e com traços de Inglês, Holandês e Francês.
Papiamento era um dialeto. Hoje tem status de idioma e juntamente com o holandês é também língua oficial. As crianças são ensinadas em ambas com a introdução do Papiamento nas escolas públicas. Alguns são contra outros favoráveis. O ensino do inglês e do espanhol também é obrigatório.
A ilha é uma mini Babel. Ouve-se de tudo nas ruas. Inclusive mandarim. Mas a sonoridade do Papiamento me encantava e comecei a fazer anotações: “bôn dia”; “bôn tarde” bôn nochi” nos é familiar. E danki? Nem tanto, mas e a resposta “Di nada!
“Dushi” significa querido e amor. É palavra popular em Curaçao. Significa também tudo de bom, legal e gostoso.
– “Kon ta bai?”  A resposta é fácil. – “Mi ta bon “. – “Kon ta bo nomber?” – “Mi nomber ta Pedro.”
Penso que bastaria um mês por lá para dominar o Papiamento. Sem falsa modéstia, tenho certa facilidade para línguas. Sou fluente em inglês, francês e italiano.  Não falo holandês nem alemão. Mas entendo e leio um pouquinho. Os outdoors e placas da ilha são ora em holandês e Papiamento, ora em Inglês ou em ambas. Uma deliciosa miscelânea linguística!
E claro há restaurante de toda parte e para todo gosto. Entramos numa simpática trattoria – Il Barile Da Mario. Comida deliciosa. Na mesa ao lado sentou-se um simpático casal de italianos, Santo e Simonetta, moradores da vizinha Ilha de Bonaire. Disseram-me que os italianos eram raríssimos no caribe holandês. Um agradável e informativo papo com o casal e a dona do “ristorante”, Mirty Rossi, esposa do chef Mario que depois se juntou a nós na conversa.
Jamais havia sido exposto à tanta diversidade linguística em tão pouco tempo. Para mim foi uma experiência fantástica.
Ah! Antes que eu esqueça: FELIZ NATAL! em Papiamento se diz: BÔN PASKU !  Y BÔN ANJA NOBO!