Amigos do Fingidor

terça-feira, 28 de abril de 2009

Elson Farias lança livro sobre Claudio Santoro
Capa do mais novo livro do poeta e ficcionista Elson Farias, sobre o maestro amazonense Claudio Santoro.
A OBRA
A pesquisa de Elson Farias, ao relatar a trajetória de Claudio Santoro, registra a memória da cultura musical de Manaus. A pontuação histórica da cidade, desaguando na época áurea da borracha, contextualiza, assim, a chegada dos estrangeiros ao solo amazônico, dentre eles os Santoro. Este apanhado histórico das primeiras manifestações artísticas, e mais precisamente da música, faz do livro de Elson Farias um registro importante, tanto pelo aspecto temporal quanto pelo subjetivo da vida da Manaus do início do século passado.

O olhar cuidadoso sobre a vida e a obra de Claudio Santoro nos é dado como presente nesta obra. O despertar para a música ainda na infância em Manaus, a influência de casa, as origens italianas, a cultura francesa e a fidelidade aos ideais políticos, paralelo aos primeiros aplausos fora de Manaus, os primeiros triunfos internacionais, o encontro com Vinicius de Moraes, o catálogo da sua obra e as consequências que tudo isso trouxe para a vida e a obra de Claudio Santoro está documentado no livro de Elson Farias.

Santoro viajou o mundo, convivendo com outras culturas, mas subjetivamente ligado à cultura popular brasileira, fosse numa leitura rítmica ou num tema composto a partir de uma canção folclórica. Como outros compositores brasileiros, conquistou reconhecimento internacional bem antes de ser conhecido no Brasil como figura promissora no campo da música erudita. Infelizmente, no Brasil, sua música ainda é praticamente inédita. Os amazonenses e os brasileiros só conhecem uma parcela mínima de sua música.

ELSON FARIAS

Elson Farias nasceu em Roseiral, no município de Itacoatiara, Amazonas. Ao chegar a Manaus, aos 18 anos, integrou-se ao movimento de renovação das letras representado pelo Clube da Madrugada. Ingressou, mais tarde, na Academia Amazonense de Letras, da qual foi presidente por 2 mandatos, no período de 2004 a 2007, e no Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas. Com alguns companheiros, fundou em Manaus a União Brasileira de Escritores do Amazonas, tendo sido seu primeiro presidente. Foi diretor do Departamento de Cultura, transformando-o na Fundação Cultural do Amazonas, da qual foi o primeiro superintendente. Exerceu, ainda, em diferentes oportunidades, as funções de secretário de Estado da Educação e Cultura e da Comunicação Social. Seu trabalho nos domínios da poesia, prosa de ficção, ensaio e literatura infanto-juvenil expressa temas da Amazônia, a paisagem e o homem, os mitos e a natureza. A música tem sido objeto de seus interesses desde muito cedo. Ouve música erudita desde os 18 anos e fez um curso de história da música, dirigido pelo maestro Nivaldo Santiago, no Teatro Amazonas, no tempo em que cantava no Coral João Gomes Júnior.

CLAUDIO SANTORO
Claudio Franco de Sá Santoro nasceu no dia 23 de novembro de 1919. Na madureza dos seus sessenta anos de idade, Santoro compôs a Sinfonia Amazônica, a décima na ordem das catorze grandes obras que escreveu, nessa que é a mais ambiciosa das obras orquestrais, em forma de sonata, realizada por um músico. Já havia composto oratórios, concertos, cantatas, óperas, poemas sinfônicos, música de câmera e canções, tendo deixado, em tudo o que escrevera, o timbre da sua terra, traço mais evidente no longo ciclo da fase nacionalista.

Claudio Santoro começa a aparecer no circuito internacional em 1944, aos vinte e cinco anos. Recebe inúmeros prêmios nacionais e internacionais. No países socialistas realiza inúmeros concertos. Exibe-se a plateias dos grandes centros musicais da Europa. Em 1979, ao completar 60 anos, é alvo de homenagens em várias cidades da Alemanha, onde se realizam concertos com programas dedicados à sua obra. Em São Paulo, recebe o prêmio Moinho Santista e, na capital da República, funda e dirige a Orquestra do Teatro Nacional de Brasília. Compõe intensamente e concretiza projetos como o da criação da Orquestra de Câmera da Rádio Ministério da Educação, considerada a melhor do Rio de Janeiro. Em 1955, encontra-se em Paris com o poeta Vinicius de Morais e realiza as mais belas canções de amor já integradas ao repertório moderno da música de câmera.

Claudio Santoro, paralelamente à atividade criadora, atendia a uma vibrante vocação de professor. Desenvolveu incansável atividade no magistério musical, ensinando Beethoven aos alemães, em Heidelberg, e Palestrina aos italianos. Em Viena, a incontestável capital mundial da música, participou do corpo de jurados do Concurso Internacional de Composição, bem como do Congresso de Compositores Alemães, em Berlim Oriental.

Claudio discutia política, militava na política e a sua música expressa a vida do povo e as aspirações humanitárias, mas era muito ligado à família. Tem obras dedicadas aos filhos. Outra obra que lhe reacendeu a chama das ligações com a "pátria da água" foi a composição de Os estatutos do homem. A obra foi composta sobre poema de Thiago de Mello. Teve estreia mundial em 1986, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

No dia 27 de março de 1989, às 10 horas, sobre o pódio de onde dirigia o ensaio da Orquestra Sinfônica do Teatro de Brasília, preparando o Concerto n.º 2, para piano e orquestra, de Saint-Saëns, Claudio morre fulminado por um enfarto, frustrando os organizadores das comemorações dos seus 70 anos, que ocorreu no dia 23 de novembro daquele ano, com eventos programados no Brasil, na França e na Alemanha.

O maestro Claudio Santoro.
Evento: Lançamento de livro
Título: Claudio Santoro – cantor do sol e da pazPáginas: 112
Autor: Elson Farias
Editora: Valer / Correios
Preço: Distribuição institucionalData: 29 de abril de 2009 (quarta-feira)
Horário: 19h30
Local: ICBEU - Av. Joaquim Nabuco, 1286 – Centro
Contatos: 3635-1324 (Editora Valer) / 3238-3639 (autor) / 9158-3687 (Correios – Auxiliadora)