Inácio Oliveira
A noite perde os homens. Talvez fosse Drummond, não sei. É um verso perdido desses que a gente escreve a faca nas paredes imundas. Foi neste lugar tão frágil que o diabo chorou, seus cascos calcinaram esta terra donde nenhuma erva jamais tornou a nascer. Às três da manhã, José a fazer amizade com uma garrafa de whisky, enquanto o garçom emborca as cadeiras sobre as últimas mesas, depois que todos já se foram e o jazz fino e cortante vai baixando baixando de tom. Tudo menos a solidão de uma hora neutra em que é possível ouvir os ácaros a passear sobre a pele. Medo de morrer sozinho num quarto de pensão esquecido do mundo.