Amigos do Fingidor

sábado, 9 de novembro de 2013

Carta para Luiz


Tainá Vieira

Dos meus devaneios

  

Olá, meu caro Visconde de Monte de Alegre. Amanhã, dia 04, é teu aniversário. E como amanhã estarei ausente, aproveito este momento para comunicar-me contigo. Espero que estejas bem. Uma pena que não poderemos mais ir tomar aquele café da manhã regional ou almoçar aquele pato com arroz selvagem, como tu apreciavas... Mas deixemos o pato, o café e as lamentações de lado e falemos de outras cousas.  Outro dia, eu li um pouco de Sêneca e encantei-me, não porque eu seja uma nefelibata de carteirinha, é porque eu sempre me encanto com as coisas que me dizem algo gratificante.  Deu para ver que Sêneca era um homem iluminado, sua sabedoria é inexplicável. Ele discorreu sobre a importância de todas as coisas da vida, desde o “valor da amizade” até sobre a “brevidade da vida.” E quão é breve a vida, Luiz, isso não é bom. Ou talvez seja. Não sei, há coisas neste mundo para as quais minha compreensão é pequena demais. Só sei que é difícil de conviver com as ausências e as dores que elas nos causam. Eu bem sei disso. A vida poderia ser mais fácil, ela deveria estar sob nosso comando, olha que maravilha, se uma pessoa quisesse viajar para o outro plano, que fosse, mas quando a saudade apertasse e doesse, era só chamarmos e essa pessoa voltaria. Voltaria para nossos braços, nossos almoços e nossos encontros e nossas vidas. Só que a vida é cruel. Eu acho que é cruel. Ou sou eu que sou egoísta?! Não, não acho que sou egoísta, digo apenas que no meu medíocre coração existe amor por todos aqueles que um dia me fizeram ou me fazem bem. Amar não é egoísmo, pois o amor é o alicerce de todas as coisas. É como o tijolo. Para construirmos uma casa boa e forte, necessitamos que tenha tijolo, não há como usarmos somente os ferros e o cimento, tem que ter tijolo e sua presença é indispensável, do contraio, desabará.  E assim é o amor, na amizade tem de ter amor, em todos os relacionamentos também. Senão tudo acabará desabando como uma casa sem tijolos.

E como disse no inicio desta, amanhã é teu aniversário. Meus parabéns! Espero que estejas bem mesmo. Lerei um poema teu em tua homenagem. Só não tomarei um cálice de vinho, porque não sou boa para isso... Sabes Luiz, já faz um ano que viajaste e ainda sim, tenho a impressão que vamos nos encontrar a qualquer momento, e, eu verei teu sorriso de galã mais uma vez. Ah, perdoe-me, perdoe-me, por não te deixar seguir em paz, mil vezes perdoe-me! Mas é mais forte, e eu não te esqueço. Não quero esquecer. Pois sei que um dia nos encontraremos e tu me reconhecerás e riremos muito dessas minhas tolices. Perdoe-me pela ousadia, mas tu sabes, sabes muito bem do que estou a te dizer... Até breve, cavalheiro iluminado!