Tainá Vieira
Dos meus devaneios
Olá,
meu caro Visconde de Monte de Alegre. Amanhã, dia 04, é teu aniversário. E como
amanhã estarei ausente, aproveito este momento para comunicar-me contigo.
Espero que estejas bem. Uma pena que não poderemos mais ir tomar aquele café da
manhã regional ou almoçar aquele pato com arroz selvagem, como tu apreciavas...
Mas deixemos o pato, o café e as lamentações de lado e falemos de outras
cousas. Outro dia, eu li um pouco de
Sêneca e encantei-me, não porque eu seja uma nefelibata de carteirinha, é
porque eu sempre me encanto com as coisas que me dizem algo gratificante. Deu para ver que Sêneca era um homem
iluminado, sua sabedoria é inexplicável. Ele discorreu sobre a importância de
todas as coisas da vida, desde o “valor da amizade” até sobre a “brevidade da
vida.” E quão é breve a vida, Luiz, isso não é bom. Ou talvez seja. Não sei, há
coisas neste mundo para as quais minha compreensão é pequena demais. Só sei que
é difícil de conviver com as ausências e as dores que elas nos causam. Eu bem
sei disso. A vida poderia ser mais fácil, ela deveria estar sob nosso comando,
olha que maravilha, se uma pessoa quisesse viajar para o outro plano, que
fosse, mas quando a saudade apertasse e doesse, era só chamarmos e essa pessoa
voltaria. Voltaria para nossos braços, nossos almoços e nossos encontros e
nossas vidas. Só que a vida é cruel. Eu acho que é cruel. Ou sou eu que sou
egoísta?! Não, não acho que sou egoísta, digo apenas que no meu medíocre
coração existe amor por todos aqueles que um dia me fizeram ou me fazem bem.
Amar não é egoísmo, pois o amor é o alicerce de todas as coisas. É como o
tijolo. Para construirmos uma casa boa e forte, necessitamos que tenha tijolo,
não há como usarmos somente os ferros e o cimento, tem que ter tijolo e sua
presença é indispensável, do contraio, desabará. E assim é o amor, na amizade tem de ter amor,
em todos os relacionamentos também. Senão tudo acabará desabando como uma casa
sem tijolos.
E
como disse no inicio desta, amanhã é teu aniversário. Meus parabéns! Espero que
estejas bem mesmo. Lerei um poema teu em tua homenagem. Só não tomarei um
cálice de vinho, porque não sou boa para isso... Sabes Luiz, já faz um ano que
viajaste e ainda sim, tenho a impressão que vamos nos encontrar a qualquer
momento, e, eu verei teu sorriso de galã mais uma vez. Ah, perdoe-me,
perdoe-me, por não te deixar seguir em paz, mil vezes perdoe-me! Mas é mais
forte, e eu não te esqueço. Não quero esquecer. Pois sei que um dia nos
encontraremos e tu me reconhecerás e riremos muito dessas minhas tolices.
Perdoe-me pela ousadia, mas tu sabes, sabes muito bem do que estou a te
dizer... Até breve, cavalheiro iluminado!