Amigos do Fingidor

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Lábios que beijei 11



Zemaria Pinto
Nazaré

Nazaré trazia a noite nos lábios fartos e na língua que voava livre pelo céu da minha boca – ave encantada, enigma e magia. A menina de negros cabelos curtos, gestos bruscos e cheiro de flores silvestres foi a primeira mulher a despertar em mim mais que pensamentos idealizados: vontades sofreadas a custo, desejos de morrer e de matar. Foram apenas alguns dias, mas tatuou-me a carne para sempre: Nazaré, que tinha na pele a soma de todas as cores, plantou em mim a paixão da cor, reproduzida em tantas mulheres que amei – como não tive tempo de amar Nazaré.