Amigos do Fingidor

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Prosa & Panela – 10


                                                                                  Tainá Vieira


Saber cozinhar é tão bom. Mas é mais maravilhoso ainda quando se cozinha com dedicação e amor. Já disse isso várias vezes e volto a afirmar. Cozinhar para o bebê parece uma tarefa bem fácil, há pessoas que dizem isso, mas eu afirmo que não é. Como não é preciso usar muito tempero, gordura etc. Dizem que é bem mais fácil cozinhar uma comida para um bebê do que uma comida para um adulto, que quando se trata de sopa de legumes, por exemplo, basta descascar tudo e colocar pra ferver com agua com um mínimo de sal ou mesmo sem, e pronto. Seria muito fácil se fosse assim. Mas não é.
Cozinhar para o bebê requer paciência e muita atenção; digo isso para aquelas pessoas que não entopem seus filhos de produtos industrializados, cheios de corantes. Nos supermercados vendem sopinha pronta, é só aquecer em banho-maria e pronto já é um almoço ou jantar do bebê. É claro que existem produtos que, às vezes, são necessários, no caso, a fórmula infantil, que seus produtores e médicos dizem ser similar ao leite materno. Meu bebê tomou fórmula até um ano e três meses, depois passou a tomar o leite integral. Mas a questão aqui não é o leite e sim a comida.
Ao completar seis meses o bebê já pode comer sopinha salgada e doce. As mães sempre iniciam o cardápio com canja ou sopa de legumes, com um pouco de carne; comigo foi assim. Os pediatras indicam o músculo bovino, é bem molinho e contem colágeno. Sei que preparar uma sopinha sem condimento, com o mínimo de alho, o mínimo de cebola – esses itens são essenciais para uma comida saborosa – é bem difícil, porque à medida que vamos provando temos a vontade de encher de tempero, pois fica muito sem gosto. Mas o segredo é deixar tudo bem cozido, bem molinho para o caldo ficar um pouco cremoso com os próprios ingredientes.  E também vamos passar no liquidificador, porque até os oito meses, mais ou menos, o bebê ainda não consegue mastigar bem. E temos que ter muito cuidado com os engasgos. Primeiro, refoga a carne toda cortadinha no mínimo de alho e cebola, sem sal, sem óleo ou manteiga, mas como eu amo muito o meu bebê, eu sempre usava o mínimo de azeite. Tudo fica perfeito e saboroso com azeite. Acrescenta água fervente, cenoura e batata. A batata vai dissolvendo à medida que vai cozendo, e isso vai deixando o caldinho grosso. É recomendável substituir a batata comum pela batata doce. Quando tudo já estiver bem cozido, pode colocar a couve e cebolinha pra dar um gostinho delicioso. Uma sopa de legumes para um adulto leva muitos outros legumes, como abóbora, repolho, beterraba etc., bem diferente da sopinha do bebê, sobre a qual temos que ter muito cuidado para não colocar muitos alimentos ao mesmo tempo, por varias questões, uma delas é a reação alérgica. E os pediatras e nutricionistas recomendam apresentar um alimento de cada vez ao bebê.
A canja também é simples: a parte do frango recomendável é a sobrecoxa e o peito. Pode fazer a canja com a sobrecoxa inteira, com o osso ou toda cortadinha; a sobrecoxa dá um gosto à canja ao contrário do peito de frango. Eu sempre usei a sobrecoxa. Usa-se também cenoura, batata, cebolinha e arroz. Serve como almoço ou jantar do bebê um purê de batata ou cenoura, sem manteiga. Pode usar a formula infantil para preparar o purê. Caldinho de feijão, sem condimento: prepara-se o feijão com o mínimo de cebola e alho; pode colocar folhas de couve e até batata pra cozinhar junto; depois de pronto é só coar na peneira que vai sair um caldinho grosso e delicioso; os bebês amam caldinho de feijão. Quando o bebê já tem um ano, já pode fazer feijão com carne, sopa de lentilha com beterraba, carne moída com purê, e até espaguete – bebês amam espaguete.  O peixe é um alimento que não se pode excluir da dieta do bebê, é muito saudável e saboroso. Aqui em casa o bebê ama peixe com purê ou arroz, além de peixe com caldo. Os pediatras sugerem fígado bovino ou de galinha, mas como eu amo demais o meu bebê; eu jamais dei. Eu não gosto de fígado e tenho certeza de que o meu bebê também não iria gostar...
Maçã raspadinha, suco de laranja coado – a laranja lima é a mais recomendável – banana amassada, essas são umas das comidinhas doces que servem como lanches ou sobremesas para o bebê. Nada daquelas sopinhas doces que vendem no supermercado. Pode dar também a famosa vitaminada, e sempre pensamos no trio mamão, banana e maçã. Só uma pequena observação: a banana e a maçã prendem o intestino, por isso eu sempre faço de banana com mamão ou de maçã com mamão, jamais os três juntos; é muito sofredor ver um bebê com o intestino preso. Lá para os dez meses é que já podemos introduzir outros alimentos na dieta do bebê, como uva, abacate e suco de maracujá bem fraquinho. O morango, só depois de um ano ou mais que é recomendável pelo fato de ter muito agrotóxico. Eu adoro gelatina e meu bebê passou a comer comigo, mas só depois dos oito meses, o pediatra disse que não tinha problema. Quanto aos mingaus, há nos supermercados muitos produtos que dizem serem bons para preparar mingau para o bebê e, pra falar a verdade, hoje em dia muitas mães nem preparam mais mingau como antigamente para os seus filhos. Eu sou da época de antigamente, mas jamais dei mingau dessas massas que dizem ser para fazer mingau, eu sempre fiz mingau de farinha de aveia, que é mais saudável, e até hoje o meu bebê toma, não todo dia, pois vario o café da manhã: um dia mingau, outro dia suco com tapioca, que é saudável, ou vitaminada.

Enfim, há vários tópicos e questões e cuidados sobre uma alimentação saudável para o bebê, que levaria inúmeros parágrafos, mas vamos ficar só com o básico, porque aí entraria numa discussão mais profunda e até cientifica e eu não tenho tanto conhecimento para dialogar assim. Me baseio apenas em minha própria experiência, que, é claro, não foi perfeita como nada é neste mundo, no entanto vou me esforçando para tentar fazer o melhor que posso. Essa questão da alimentação de uma criança varia de pais para pais. Mas tenho certeza que cada mamãe e cada papai tenta fazer o melhor que pode para a sua cria. Quem ama seu filho quer o melhor para ele, isso inclui uma alimentação saudável e isso dá trabalho, exige paciência, mas nada se compara ao bem-estar da sua criança... Eu espero que o meu bebê jamais sinta o gosto da fome como milhares de crianças sentem neste mundo de miséria e eu sempre clamarei aos deuses para jamais permitirem que o meu bebê se alimente com uma sonda de alimentação em um hospital.