Pedro Lucas Lindoso
Meu amigo Chaguinhas vai ser
avô pela primeira vez, em breve. Comprometeu-se de imediato a dar de presente o
carrinho de bebê da garotinha. Dr. Chaguinhas já foi informado de que é uma
princesinha que está a caminho e ficou todo prosa.
As especificações do tal
carrinho levantadas pelos pais da neném e o preço do produto no Brasil levaram
Chaguinhas a concluir que seria uma espécie de Carrinho-Ferrari.
Todos sabem que adquirir
carros no Brasil é muito mais caro do que nos Estados Unidos. Isso vale também
para carrinhos de bebê. Automóveis custam uma fortuna para se importar. Mas um
carrinho pode ser comprado por lá por um preço bem aquém do nacional.
Especialmente um carrinho “top” do tipo Ferrari, Mercedes ou Lamborghini. E
pode caber na cota de quinhentos dólares da Receita Federal.
Uma passagem para Miami, partindo
de Manaus, na promoção, é bem mais barato que ir ao Rio de Janeiro, ou ao Nordeste.
Mesmo com a alta do dólar, ainda vale a pena arriscar. O feriado de Finados foi
a oportunidade para Chaguinhas ir a Flórida a fim de comprar o tal supercarrinho.
Afinal, a netinha merece.
Aproveitou para conhecer o
Centro Espacial John Kennedy, da NASA, local onde são lançados os foguetes e
ônibus espaciais. Chaguinhas gostou do passeio e avisa que estão selecionando
astronautas para missão em Marte. Pensou em sugerir a inscrição de alguns de
seus poucos desafetos, mas seria um desserviço à Ciência Espacial e à
Humanidade. Mas avisa que quem quer ser astronauta e tiver perfil a
oportunidade é agora.
Meu amigo não gosta de “fast food". Mas gosta de cachorro
quente. Não aprecia muito o nosso kikão. Gosta do tradicional “hot dog”. Ou seja, pão quentinho de
massa fina com salsicha, ketchup e mostarda. E só. Ficou encantado com a
experiência.
Nada deixou Chaguinhas mais
admirado. Nem as estradas, a organização, a beleza dos prédios, as calçadas que
não temos, as ruas sem buracos, o meio-fio das avenidas. Nada superou a
experiência de, ao comer um “hot dog”,
abrir um sachê de ketchup e mostrada, usando os próprios dedos. As falangetas.
Aqui se precisa de uma tesourinha ou usar os dentes.
E concluiu: a diferença entre
o estágio de desenvolvimento do Brasil e dos Estados Unidos está na proporção
inversa da facilidade em se abrir com uso de dedos e falangetas, um simples
sachê de ketchup, mostarda ou maionese.