Paulo Sérgio Medeiros
São raras as vezes em que
uso meu celular para fazer uma ligação. O WhatsApp trouxe no seu bojo a
economia tão sonhada por aqueles que ainda têm plano pós-pago, e, por que não,
os pré-pagos também? Aliás, acho que sou um dos poucos remanescentes a usar o serviço
pós-pago. Pois todas as vezes que tentei mudar meu plano, pela fé!, a OI me
dissuadiu da suposta ideia me oferecendo engodos já de meu conhecimento prévio.
Porém, para muitas
pessoas, essa economia pode custar caro. O WhatsApp é um cofre sem senha, cujos
segredos digitados ali estão a um clique de serem desvendados. No mundo virtual não há crime perfeito, há
print perfeito.
Antigamente os segredos
eram revelados, hoje em dia eles são printados. Segundo um amigo meu, o
aplicativo está mais para terreno minado do que para terreno de comunicação
fácil e rápida. Toda vez que a mulher dele se aproxima do telefone, ele, desesperado,
grita: Não toque nisso aí que pode explodir! Homem admirável, não? Quanta
preocupação com a integridade física da esposa, ou pelo prisma corporativista,
integridade física dele mesmo!
Os mais conservadores
acreditam que o WhatsApp é uma zona do baixo meretrício, uma Itamaracá virtual,
com muita putaria e tal. Pelo menos, por lá o sexo é seguro, seguro no sentido
de não se contrair doenças venéreas ou engravidamentos indesejáveis. Porque
quando as conversas clandestinas vazam o estrago é maior do que quando o
preservativo fura.
Já os mais religiosos
creditam a invenção ao coisa-ruim. É marido deixando mulher de lado, é mulher
deixando marido de banda, são famílias inteiras se debandando por conta das
tentações WhatsAppianas. Parafraseando
minha vizinha, zapzap é coisa do
capeta! Ou seria ele o próprio diabo?
Só sei que para mim o
aplicativo tem sido bastante afetivo, desculpem-me, ato falho, quis dizer,
bastante efetivo. Uso para fins profissionais e sociais. Uso com moderação,
embora minha ex-esposa discorde do meu ponto de vista. Viram? Ex-esposa... Fui
vítima do mal tecnológico do século. Nem os bons samaritanos escapam da
maldição do aplicativo.
Acho que minha vizinha
tem mesmo razão. Zapzap é coisa do
capeta!