Amigos do Fingidor

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

WhatsApp



Paulo Sérgio Medeiros

São raras as vezes em que uso meu celular para fazer uma ligação. O WhatsApp trouxe no seu bojo a economia tão sonhada por aqueles que ainda têm plano pós-pago, e, por que não, os pré-pagos também? Aliás, acho que sou um dos poucos remanescentes a usar o serviço pós-pago. Pois todas as vezes que tentei mudar meu plano, pela fé!, a OI me dissuadiu da suposta ideia me oferecendo engodos já de meu conhecimento prévio.
Porém, para muitas pessoas, essa economia pode custar caro. O WhatsApp é um cofre sem senha, cujos segredos digitados ali estão a um clique de serem desvendados.  No mundo virtual não há crime perfeito, há print perfeito.
Antigamente os segredos eram revelados, hoje em dia eles são printados. Segundo um amigo meu, o aplicativo está mais para terreno minado do que para terreno de comunicação fácil e rápida. Toda vez que a mulher dele se aproxima do telefone, ele, desesperado, grita: Não toque nisso aí que pode explodir! Homem admirável, não? Quanta preocupação com a integridade física da esposa, ou pelo prisma corporativista, integridade física dele mesmo!
Os mais conservadores acreditam que o WhatsApp é uma zona do baixo meretrício, uma Itamaracá virtual, com muita putaria e tal. Pelo menos, por lá o sexo é seguro, seguro no sentido de não se contrair doenças venéreas ou engravidamentos indesejáveis. Porque quando as conversas clandestinas vazam o estrago é maior do que quando o preservativo fura.
Já os mais religiosos creditam a invenção ao coisa-ruim. É marido deixando mulher de lado, é mulher deixando marido de banda, são famílias inteiras se debandando por conta das tentações WhatsAppianas.  Parafraseando minha vizinha, zapzap é coisa do capeta! Ou seria ele o próprio diabo?
Só sei que para mim o aplicativo tem sido bastante afetivo, desculpem-me, ato falho, quis dizer, bastante efetivo. Uso para fins profissionais e sociais. Uso com moderação, embora minha ex-esposa discorde do meu ponto de vista. Viram? Ex-esposa... Fui vítima do mal tecnológico do século. Nem os bons samaritanos escapam da maldição do aplicativo.
Acho que minha vizinha tem mesmo razão. Zapzap é coisa do capeta!