Amigos do Fingidor

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Alguns aspectos familiares de Platão



João Bosco Botelho


Platão nasceu em Atenas, no ano de 428 ou 427 a.C., no demo de Colitos. O filósofo tinha dois irmãos mais velhos, Adimanto e Glauco, e uma irmã, Potone. O pai, Aríston, deve ter morrido cedo, pois a mãe voltou a casar com Pirilampo, com quem teve um filho chamado Antífon.
Quando Platão morreu, só restava da família uma criança chamada Adimanto, neto do seu irmão. O grande pensador grego fez dele o seu herdeiro e as fontes o registram como membro da Academia no tempo de Xenócrates.
Na Grécia antiga, era costume escolher o mesmo nome do avô para o primeiro filho, desta forma é provável que Platão tivesse o nome de Arístocles, como o avô.  Existem dúvidas das razões pelas quais prevaleceu o nome Platão, aliás, comum naquela época. Diógenes Laércio conta que esse nome lhe foi dado pelo seu professor de ginástica por causa da sua estatura, contudo não existe consenso entre os historiadores sobre essa questão.
A família de Platão possuía uma propriedade próxima de Kefissia, no Cefiso, onde o filósofo, certamente, aprendeu a amar a vida no campo, e talvez pela exigência da melhor educação, deve ter passado a maior parte da infância na cidade.
Como parte desse aprendizado esmerado, como convinha a uma criança de família rica, aprendeu primeiro a honrar os deuses e a observar os ritos da religião. Platão guardaria durante toda a vida esse respeito pela religião e iria torná-lo claro no livro Leis. Além da ginástica e da música, que constituíam a outra base da educação ateniense, também estudou desenho e pintura. Nessa fase, compôs tragédias, poemas líricos e ditirambos.
O estudo da filosofia foi orientado por Crátilo, um dos discípulos de Heráclito. Com vinte anos de idade teve o primeiro encontrou com Sócrates.
Desajeitado e trajando vestes descuidadas, o reverso dos sofistas, Sócrates começou a falar nas praças. A profundidade dos discursos, sempre procurando verdades e valores mais sólidos, fez com que, pouco a pouco, aumentasse o número de discípulos e de admiradores.
 Uma das maiores determinações de Sócrates era a busca dos conhecimentos verdadeiros e universais, identificados por ele na virtude. Com a arma da ironia, levava o seu interlocutor a descobrir dialeticamente a falta de base de suas opiniões e, em consequência, a própria ignorância fundamental. Continuando o diálogo, conduzia o interlocutor, pelo método da indução, a passar do particular para o geral, fazendo nascer – maiêutica – o conhecimento verdadeiro por meio das definições do saber racional, universal e imutável, a essência da realidade.
Sócrates negava o valor da autoridade e da tradição como critério de verdade e optou pela reflexão livre e convicção racional. Argumentava sobre a certeza objetiva da própria razão, fundamentalmente, como a capacidade humana de se conhecer  – conhece-te a ti mesmo. Pretendia organizar de modo racional e ético a vida pessoal e coletiva identificando o conhecimento à virtude, posição também adotada por Platão.
Contudo, é importante ressaltar que Sócrates não ensinou o que é o bem – conteúdo –, mas ressaltou o caminho do bem –  método.  Essa postura socrática, inclusive a dura crítica às aparências, se por um lado prepararam o gênio de Platão, por outro foi tragicamente mal entendido por outros discípulos.
Sob essa terrível denúncia, Sócrates foi acusado de perverter os jovens e de ser ateu. Condenado à morte, pagou com a vida a sua extraordinária busca da verdade.