João Bosco Botelho
Platão nasceu em Atenas, no ano de 428 ou 427
a.C., no demo de Colitos. O filósofo tinha dois irmãos mais velhos, Adimanto e
Glauco, e uma irmã, Potone. O pai, Aríston, deve ter morrido cedo, pois a mãe
voltou a casar com Pirilampo, com quem teve um filho chamado Antífon.
Quando Platão morreu, só restava da família
uma criança chamada Adimanto, neto do seu irmão. O grande pensador grego fez
dele o seu herdeiro e as fontes o registram como membro da Academia no tempo de
Xenócrates.
Na Grécia antiga, era costume escolher o
mesmo nome do avô para o primeiro filho, desta forma é provável que Platão
tivesse o nome de Arístocles, como o avô.
Existem dúvidas das razões pelas quais prevaleceu o nome Platão, aliás,
comum naquela época. Diógenes Laércio conta que esse nome lhe foi dado pelo seu
professor de ginástica por causa da sua estatura, contudo não existe consenso
entre os historiadores sobre essa questão.
A família de Platão possuía uma propriedade
próxima de Kefissia, no Cefiso, onde o filósofo, certamente, aprendeu a amar a
vida no campo, e talvez pela exigência da melhor educação, deve ter passado a
maior parte da infância na cidade.
Como parte desse aprendizado esmerado, como
convinha a uma criança de família rica, aprendeu primeiro a honrar os deuses e
a observar os ritos da religião. Platão guardaria durante toda a vida esse
respeito pela religião e iria torná-lo claro no livro Leis. Além da ginástica e da música, que constituíam a outra base
da educação ateniense, também estudou desenho e pintura. Nessa fase, compôs
tragédias, poemas líricos e ditirambos.
O estudo da filosofia foi orientado por
Crátilo, um dos discípulos de Heráclito. Com vinte anos de idade teve o
primeiro encontrou com Sócrates.
Desajeitado e trajando vestes descuidadas, o
reverso dos sofistas, Sócrates começou a falar nas praças. A profundidade dos
discursos, sempre procurando verdades e valores mais sólidos, fez com que,
pouco a pouco, aumentasse o número de discípulos e de admiradores.
Uma
das maiores determinações de Sócrates era a busca dos conhecimentos verdadeiros
e universais, identificados por ele na virtude. Com a arma da ironia, levava o
seu interlocutor a descobrir dialeticamente a falta de base de suas opiniões e,
em consequência, a própria ignorância fundamental. Continuando o diálogo,
conduzia o interlocutor, pelo método da indução, a passar do particular para o
geral, fazendo nascer – maiêutica – o conhecimento verdadeiro por meio das
definições do saber racional, universal e imutável, a essência da realidade.
Sócrates negava o valor da autoridade e da
tradição como critério de verdade e optou pela reflexão livre e convicção
racional. Argumentava sobre a certeza objetiva da própria razão,
fundamentalmente, como a capacidade humana de se conhecer – conhece-te a ti mesmo. Pretendia organizar
de modo racional e ético a vida pessoal e coletiva identificando o conhecimento
à virtude, posição também adotada por Platão.
Contudo, é importante ressaltar que Sócrates
não ensinou o que é o bem – conteúdo –, mas ressaltou o caminho do bem – método. Essa postura socrática,
inclusive a dura crítica às aparências, se por um lado prepararam o gênio de
Platão, por outro foi tragicamente mal entendido por outros discípulos.
Sob
essa terrível denúncia, Sócrates foi acusado de perverter os jovens e de ser
ateu. Condenado à morte, pagou com a vida a sua extraordinária busca da verdade.