Amigos do Fingidor

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

exercício nº 9



Zemaria Pinto 


Em minha face, onde o tempo se define             
nos limites de fantasmas cartográficos,
cicatrizes da distante pubescência
e monturos de poemas sob os olhos,

vagueiam mórbidos vultos de panteras,
pássaros torturados, cavalos mancos.
Pelos flancos do meu rosto pendem pedras
e rasteira capoeira sob espinhos.

Refletida pelo espelho intemporal,     
minha cara transmutada em trinta séculos
trilha os rastros incessantes da agonia.                 

Submergido em meu semblante lacerado,             
vejo o tempo como um rio de águas vorazes:
já não sou quem fui ou quem serei ou quando.