Amigos do Fingidor

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Ideal Clube – C’est la vie...


Pedro Lucas Lindoso

Ensinaram tia Idalina a usar o Skype. Sempre ávida por novidades, usa e abusa da ferramenta. Idalina se define como cidadã amazonense sênior autoexilada em Copacabana.
Não conseguiu me contatar sexta passada. Quis saber por onde eu andava e o que fazia. Disse-lhe que participo de uma confraria literária, patrocinada pelo Acadêmico Armando de Menezes. Chamada de “Chá do Armando”. Os chazistas se reúnem atualmente no Ideal Clube. O presidente do Ideal, Dr. Humberto Figlioulo, em especial deferência ao Armando de Menezes, permite a reunião na sala da presidência, no térreo.
Tia Idalina me interrompe, censurando-me via Skype. Pude ver sua expressão de indignação.
– Um clube como o Ideal não tem térreo.  O Ideal tem “ground floor”. Ou se preferir em Francês, “rez de chaussée”. Térreo é uma palavra chinfrim, segundo Idalina. Lembra-nos que o clube recepcionou várias celebridades que visitaram Manaus. De Getúlio Vargas ao Juscelino Kubitschek. Mas não só presidentes.
Ademais, o clube era autossustentável. O Ideal tinha uma isenção tributária cancelada por um prefeito alienígena. Provavelmente, por desconhecer as nossas tradições. Deixou o clube mal.
Explico a titia que o prédio está bem cuidado. Tem o carinho e atenção do Dr. Robério Braga e está amparado pela Secretaria de Cultura.
Ainda há salas privativas para carteado. Salas antiperu. Só abrem por dentro. Receberam nomes de gente que sempre amou e se dedicou ao clube como Auton Furtado, Glycia e Francisco Garcia, Manoel Terceiro e Elias Benzecry, dentre outros.
Lembrei-me de minha posse na ALCEAR – Academia de Letras Ciências e Artes, ora presidida pelo Gaetano Antonaccio, no salão Sul do piso superior. Gaetano preside a Assembleia Geral do clube.
Ainda há glamour no Ideal. O Dr. Jaime Covas comemorou seus 70 anos no famoso “ground floor”. Mas os carnavais de antigamente ficaram só na lembrança.
Recordou-se do palacete Miranda Correa, localizado em frente, na outra esquina. Demolido nos anos setenta do século passado!
– Um crime! Disse Idalina. Só comparável à derrubada do Palácio Monroe aqui no Rio de Janeiro. ”C’est la vie...”. E desligou.