Benayas Inácio Pereira
Mulher! De súbito, todos os veículos de comunicação falam de você. O mundo festeja o Dia Internacional da Mulher, mas queria dizer que você deveria ser lembrada em todos os 365 dias do ano. Nesse instante, eu queria exaltar tudo o que o meu melindrado e sensível coração determina.
Gostaria de poder falar de você, mulher que já atingiu os postos mais altos da sua existência. Você, que transpondo obstáculos venceu no campo da política, da medicina, das artes, das ciências, dos esportes e das áreas empresariais.
Você, que se fez notável com tantas conquistas e vai, gradativamente modificando o próprio fluxo da humanidade. Você mulher, que me vem à lembrança todas às vezes que abro uma enciclopédia. Você que é a própria figura que ilustra páginas de livros marcando presença em qualquer época impondo um carisma todo peculiar. Gostaria de falar de Maria, Joana D´Arc, Gioconda, Dalila, Du Barry, Julieta, Marília, Margareth, Evita, Indira, Benazir e tantas musas e ninfas que enriqueceram e modificaram o curso da história.
Na verdade eu gostaria de falar dessas mulheres célebres e também de vocês, mulheres que são "capas de revistas" e destaques na mídia, mas, reconhecendo toda a minha inaptidão para concorrer com escritores especializados que decantam em verso e prosa as virtudes dessas primorosas figuras, prefiro deixar a eles essa sagrada função.
Então quero me dirigir a você, mulher que por determinadas circunstâncias ficou com a missão de batalhar pelo pão do diaadia. Você, mulher sem família, mulher cotidiana, mulher dona de casa, mulher do marido desempregado ou mesmo sem marido, que ficou com a incumbência de criar a prole gerada. Que dedica sua vida inteiramente aos filhos, orientando-os sobre o melhor caminho a seguir. Mulher que não desiste jamais dos ideais, mesmo eles sendo utópicos. Mulher que gera a vida, que amamenta, que chora de emoção ao gesto mais banal do filho querido. Mulher que sorri nos momentos mais aflitivos de sua vida. Você mulher mãe, mulher sol, mulher lua, mulher companheira, mulher amante, mulher princesa, mulher rainha que faz do seu lar um palácio cercado de pompas. Mulher que troca toda a riqueza do mundo por um simples gesto de carinho, mulher palafita, mulher ribeirinha, mulher macuxi. Mulher baré. Mulher amazônica. Mulher... Mulher!
Você que emprega todo o denodo em sua faina diária na dura batalha pela sobrevivência. Você, que ao chegar do trabalho encontra tantos problemas e que só você pode resolver. A mesa vazia, as contas eternas, as doenças e o reconhecimento ausente. Você, mulher humilde que é o esteio de um lar, de um sonho ou de um País.
Nesse dia dedicado a você, queria vê-la em seu melhor traje, ainda que estivesse roto. Gostaria de poder vesti-la de rainha e colocá-la no mais alto pódio para que todos pudessem admirá-la e devotar a gratidão que você merece. Se possível, queria ofertar a você a essência do melhor perfume. Ah, se eu pudesse alfombraria o chão por onde você passasse com pétalas de rosa do mais suave olor. Hoje eu gostaria que meu estro poético atingisse seu apogeu para que eu pudesse dedicar a você a poesia jamais feita em seu louvor. Você que em si, é o poema eternizado.
O Dia Internacional da Mulher é agora. É possível que você até receba alguns abraços ou felicitações. Não se iluda, porém. Amanhã tudo voltará a ser como antes. Sei que você continuará a trilhar os atalhos do destino com a mesma bravura de sempre. Afinal, essa é a sua sina e só você mesma é capaz de conduzi-la ao porto seguro que sonha.