Amigos do Fingidor

sábado, 28 de março de 2009

Manaus, amor e memória V
Praça da Constituição, início do século XX. À esquerda, o quartel da Polícia Militar. Ao centro, o Colégio Estadual Pedro II. A praça (hoje, Heliodoro Balbi) é chamada pelo povo de praça da Polícia.



Estudei, de 1972 a 1974, no Colégio Estadual. Nesse período, a praça da Polícia fez parte do meu cotidiano; isto é, não havia nada de espetacular nela – era o banal cotidiano, apenas.

Às vezes, passávamos horas sem fazer nada, vagando pela praça, por falta de professores (o diretor Maneca era uma verdadeira mãe com seus coleguinhas). Uma coisa me impressionava: o lendário mulateiro – que, como toda lenda, é uma farsa (o que só descobri depois) – e seus "habitantes", frequentadores da espelunca do Pina: o pessoal do Clube da Madrugada, que eu admirava com um ódio adolescente, pois eles representavam o que, para mim, era passado (e eu, claro, me achava a própria personificação do futuro).

A verdade era que eu não os compreendia, o que só viria começar a acontecer alguns anos depois, quando comecei a estudar a literatura amazonense, de forma sistemática, e os "velhos" tornaram-se meus caros amigos. A praça da Polícia para mim é isso: folga do Estadual; Clube da Madrugada; e sonho com um futuro em permanente construção.

(Zemaria Pinto, respondendo à pergunta de Evaldo Ferreira – Que lembranças você tem da sua infância, ou adolescência, na praça da Polícia?)