Marco Adolfs
Há dias venho pensando no processo artístico.
Não sei o que acontece com os artistas em geral, que vivem entre a cruz da realidade e a espada da ignorância dos homens. Ainda mais neste país.
Não quero me posicionar no papel de vítima, mas penso assim devido a ver, constantemente, meus companheiros tendo que mendigar tempo e espaço para as suas obras. Vendendo, muitas vezes, sua alma ao diabo fáustico, que hoje vive em todos os meandros da cultura.
Penso assim, pois os vejo ter que se humilhar àqueles que têm focinho de carneiro bondoso e patas de lobo predador.
Fico mais triste ainda sabendo que sempre temos que nos sujeitar a esses mágicos da enganação e medíocres de coração. Uns sujeitinhos que, geralmente ou se encontram em suas mesas de trabalho atulhadas de papéis sonantes ou estão na próxima esquina, no exercício de suas políticas pessoais.
Para finalizar, percebo que estamos então, nós que fazemos qualquer tipo de arte, sempre entregues às tramas de um destino que nos impele para uma solidão forçada de mendicante e um sofrimento criativo que tolhe os nossos sonhos.
Mas, mesmo assim, vamos em frente, criando e acreditando no possível e no impossível.